O candidato à Prefeitura de São Paulo Orlando Silva (PCdoB) participou nesta terça-feira, 3, de sabatina com jornalistas do Estadão. De acordo com a checagem do Estadão Verifica, ele subestimou o número de pessoas registradas no CadÚnico, mas acertou dados sobre infecção de alunos por covid-19 na rede municipal.
"Dos 513 deputados do Brasil, 21 são negros".
O número citado por Silva inclui apenas os parlamentares pretos. Entre os deputados eleitos em 2018, 21 se declaram pretos (4,09%) e 104 se reconhecem como pardos (20,27%). Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros são pessoas que se declaram pretas ou pardas.
"Na hora da inscrição de candidaturas, o número de negros é mais ou menos proporcional à população. A distorção surge depois, na eleição".
Isso é verdade: dados do Estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, indicam que pretos e pardos foram apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018. Dos vereadores eleitos em 2016, 42,1% eram negros. O porcentual de candidaturas de pessoas pretas e pardas é maior: 41,8% para cargos de deputado federal, 49,6% para deputado estadual e 48,7% para vereador.
A Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad) 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que 42% dos 209 milhões de brasileiros se consideram brancos, 46,8%, pardos e 9,4%, pretos. Ao todo, 56,2% da população se declara negra.
Um levantamento do G1 mostrou que nas eleições de 2020 há cerca de 272 mil candidatos negros (pretos e pardos), o que representa 49,9% de todos os concorrentes. Há, no entanto, maioria branca desproporcional para cargos majoritários. Levantamento do Estadão desta terça-feira, a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrou que 38% dos municípios brasileiros nestas eleições só têm candidatos brancos.
"Olha os testes feitos na rede (municipal de ensino): dois terços das crianças que testaram positivo não tinham nenhum sintoma".
O número citado pelo candidato do PCdoB está correto. Um levantamento publicado pela Prefeitura em agosto apontou que 64,4% dos alunos infectados na rede municipal de ensino eram assintomáticos.
"Subsídios esse ano (de transportes) chegam a R$ 4 bilhões, com uma conta de R$ 9 bilhões, a tarifa de R$ 4,40. Tem alguém ganhando muito dinheiro".
O valor citado pelo candidato da tarifa é correto e os custos estimados para subsídios com o transporte público municipal podem chegar nos números citados se a Prefeitura não renegociar contratos com as empresas.
Um relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM) estimava, em julho deste ano, que a prefeitura fecharia 2020 com repasses de mais de R$ 3 bilhões às empresas de transportes. O conselheiro do TCM Edson Simões sugeriu em um voto após a publicação do relatório que os repasses poderiam chegar a R$ 4 bilhões.
Em 2019, a Câmara Municipal aprovou R$ 2,25 bilhões em subsídios para 2020. No entanto, a queda na média de passageiros causada pela pandemia fez com que a Prefeitura aumentasse o repasse para as empresas de ônibus. O mesmo relatório do TCM mostrou queda de 52% no número de passageiros em junho, na comparação com janeiro.
"Quando votamos o auxílio emergencial, o CadÚnico registrava a existência de pelo menos 35 milhões de pessoas pobres. Quando o auxílio foi implementado, surgiu a demanda de 65 milhões de brasileiros".
Um balanço divulgado pelo Ministério da Cidadania no dia 15 de abril apontava a existência de 73,4 milhões de registros no CadÚnico, programa do governo federal que identifica as famílias de baixa renda. O ministério estimava que 51,4 milhões das pessoas cadastradas receberiam o auxílio emergencial.
No relatório mais recente, de agosto, o número de pessoas no CadÚnico é de mais de 76,7 milhões.
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