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A disputa eleitoral nas redes sociais

Engajamento de Lula cresce no final da campanha, apoiado em 'superlive' e influenciadores

Relatório da Torabit, parceira do ‘Estadão’ com Monitor de Redes Sociais, mostra que campanha aqueceu com proximidade do primeiro turno

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Por Samuel Lima
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao fim de semana das eleições com o maior engajamento medido pelo Monitor de Redes Sociais do Estadão. Apoiado em uma "superlive" com artistas em São Paulo e pela mobilização de outras personalidades influentes na internet, o petista alcançou uma média de quase 19% de engajamento por post em sua base de seguidores.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu 'superlive' com artistas no Anhembi, em São Paulo, no dia 26/9/2022. Foto: Ricardo Stuckert

 

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Seu principal adversário nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL), porém, superou o concorrente em quantidade de menções nas redes e se tornou o candidato mais comentado em setembro. A taxa de engajamento do político caiu para cerca de 11%, mas a métrica foi afetada pela remoção de conteúdos populares sobre o 7 de Setembro das páginas de Bolsonaro, a mando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por configurar uso eleitoral de cerimônia oficial.

O número de menções aos presidenciáveis cresceu novamente em setembro, na ordem de 64% -- passou de 20,9 milhões para 34,4 milhões. Em agosto, com o início da campanha oficial, o volume já havia se multiplicado em sete. Bolsonaro responde por 45,2% das menções ao longo do mês, seguido de Lula, com 43,2%; Ciro Gomes (PDT), com 7,7%; e Simone Tebet (MDB), com 2,6%. Os demais somaram 1,4% das referências.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Urizzi Cervi, a reta final da campanha nas redes mostrou os dois principais candidatos, Lula e Bolsonaro, "muito próximos" em termos de visibilidade -- diferentemente de 2018, quando o atual presidente dominou a arena digital. A principal estratégia é abastecer a militância mais ativa ao máximo.

"A campanha do Lula está conseguindo uma diversificação maior, ao incluir atores não políticos, como artistas. Bolsonaro faz uma típica campanha de eleição proporcional, que não amplia, mas fixa a base com os mesmos discursos", analisa. Cervi pondera ainda que a mobilização na internet provavelmente terá um efeito limitado nas urnas, por conta do porcentual de eleitores que decidiu cedo o voto. "O eleitor já posicionou os candidatos em determinados campos."

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O assunto que mais repercutiu nas redes bolsonaristas foi justamente o bicentenário da Independência, quando o presidente convocou apoiadores a irem às ruas defender a sua reeleição. Outro fato que mobilizou as redes foi a viagem do presidente para o funeral da rainha Elizabeth II. Aliados exploraram a recepção diplomática do presidente, enquanto opositores criticaram Bolsonaro por não demonstrar o mesmo interesse com os brasileiros que foram vítimas da covid-19.

A análise da Torabit mostra ainda que o relatório apresentado pelo PL, o partido de Bolsonaro, que questiona a segurança das urnas eletrônicas teve mais de 70% de menções negativas, conforme análise de sentimento automática da plataforma. Bolsonaro, por outro lado, conseguiu mobilizar sua militância ao afirmar que as Forças Armadas poderiam fechar seções eleitorais que proibissem a entrada de eleitores vestindo verde e amarelo, ainda que não exista qualquer regra do tipo.

O pico de menções ao ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, ocorreu no dia 26 de setembro, quando a campanha petista promoveu uma "superlive" no Anhembi, em São Paulo. Participaram do evento artistas como Pabllo Vittar, Daniela Mercury e Duda Beat. Outros como Chico Buarque, Caetano Veloso, Emicida, Roger Waters e Mark Ruffalo gravaram vídeo em apoio ao candidato.

O petista também conseguiu repercussão ao participar de entrevista no Programa do Ratinho, no SBT, e ao conquistar o "voto útil" de personalidades como Tico Santa Cruz e Caetano Veloso, o que ajudou a impulsionar a pauta. Em contrapartida, Lula segue concentrando ataques de adversários sobre corrupção, o assunto mais frequentemente associado ao seu nome nas redes.

O movimento de "voto útil" veio acompanhado de uma intensificação da retórica antipetista de Ciro Gomes. O pedetista cresceu a sua participação em 0,7 ponto porcentual nas redes, mas também passou a receber mais menções negativas. Na reta final da campanha, apoiadores de Lula acusam Ciro de atuar como "linha auxiliar" de Bolsonaro, por conta da estratégia bolsonarista de compartilhar trechos de vídeos seus com críticas a Lula e aos governos do PT.

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Assim como em agosto, a senadora Simone Tebet ganhou relevância em debates e principalmente com a pauta da defesa das mulheres. Seu melhor momento ocorreu no início de setembro, ainda em movimento residual do debate da Band, e no dia 24, por ocasião do debate Estadão/Eldorado em parceria com o SBT e outros veículos de comunicação.

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Algumas das postagens mais relevantes da candidata tratam ainda do coro de "imbrochável" de Bolsonaro no 7 de Setembro -- que classificou como um desrespeito a mulheres -- e ao prestar solidariedade à jornalista Vera Magalhães, hostilizada por um deputado bolsonarista após debate na TV Cultura entre candidatos ao governo de São Paulo.

Seguidores

O ex-presidente Lula foi quem mais angariou seguidores nas três principais redes sociais monitoradas -- Facebook, Instagram e Twitter -- em setembro. O petista passou a atingir mais 826 mil perfis, contra 659 mil de Bolsonaro, 64 mil de Simone e 44 mil de Ciro. O maior espaço de crescimento segue sendo o Instagram, onde o petista lidera os ganhos, assim como o Twitter. Bolsonaro, que possui a maior base estabelecida nas três plataformas, ficou à frente em apelo a novos usuários no Facebook.

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