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Ala do PSL combate favoritismo de Augusto Aras para a chefia do Ministério Público

Subprocurador-geral é visto como o mais forte para suceder a Raquel Dodge no comando da Procuradoria-Geral da República; nome de indicado deve sair até segunda

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Por Breno Pires , Julia Lindner , Rafael Moraes Moura , Mateus Vargas e BRASÍLIA
Atualização:

Em 'campanha' para assumir a Procuradoria, Aras já se encontrou pelo menos quatro vezes com Bolsonaro. FOTO: ROBERTO JAYME/ASCOM/TSE Foto: Estadão

Aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam demovê-lo da ideia de indicar Augusto Aras como procurador-geral da República. O nome do subprocurador-geral é considerado hoje o favorito para o cargo. A intenção do presidente é anunciar o sucessor de Raquel Dodge até a segunda-feira.

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Aras é tratado como favorito após ter se reunido ao menos quatro vezes com o presidente nos últimos meses. Nos encontros, segundo relatos de pessoas que acompanham o processo de escolha, ele demonstrou alinhamento com a agenda do governo e se apresentou como um conservador. Entre os nomes cotados, o subprocurador, que não se candidatou à lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), foi o que mais vezes foi recebido pelo presidente.

A reação vem de alas do PSL e de núcleos de apoiadores nas redes sociais, que se baseiam no histórico do subprocurador para sustentar que o seu perfil não se encaixaria no bolsonarismo.

Os argumentos, segundo esses apoiadores do presidente, são um suposto "esquerdismo" de Aras, críticas à Lava Jato, além da defesa de movimentos sociais como o MST - o que iria de encontro ao posicionamento de Bolsonaro.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) faz parte do grupo que tem ressalvas à indicação de Aras. Ela enviou ao Palácio do Planalto um material com informações que, na visão do grupo, descredenciam o subprocurador a assumir o cargo. "Como representante de movimento social, não posso receber uma crítica e deixar quieto. Me preocuparam algumas declarações do Aras em relação à Lava Jato", disse a deputada ao Estado. "Mas não conversei com o Augusto Aras e tenho dificuldade de opinar quando não conheço."

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As críticas ao nome do subprocurador ecoaram nas redes sociais e a hashtag #ArasnaPGRnão estava nesta quinta-feira, 8, entre os assuntos mais comentados do Twitter.

A reação do presidente, porém, foi de desdém. "Augusto Aras ganhou um pontinho mais positivo", disse nesta quinta ao citar reportagem da Folha de S.Paulo com, segundo ele, "críticas" ao candidato. O jornal mostrou declarações de Aras alinhadas a pensamentos de esquerda.

Nomes. Bolsonaro declarou nesta quinta que tem cinco nomes em mente. Além de Aras, primeiro a ser citado, mencionou o "primo", o procurador-regional Vladimir Aras; o "capitão", referência ao procurador regional Lauro Cardoso; e a própria Raquel. O mandato dela termina em 17 de setembro.

Outros nomes ventilados são os dos subprocuradores Paulo Gonet e Mario Bonsaglia - este o único representante da lista tríplice da ANPR.

Uma das lideranças do PSL que se colocaram publicamente contra Aras foi a deputada estadual por São Paulo Janaina Paschoal. "Não é prudente nomear para procurador-geral da República alguém que concilie as atividades de procurador e de advogado. As duas funções são importantes (essenciais), mas não me parecem compatíveis, mormente em se tratando da chefia de uma instituição como o Ministério Público!", escreveu no Twitter.

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Um dos expoentes da rede bolsonarista, o empresário Leandro Ruschel também foi às redes sociais para criticá-lo. "Augusto Aras é claramente um esquerdista, sua indicação ao comando da PGR seria gravíssimo retrocesso no processo de limpeza do País."

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Procurado por meio de sua assessoria, Aras não se manifestou. Um dos principais interlocutores do subprocurador com Bolsonaro, o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) negou que ele seja um nome alinhado à esquerda.

Embora seja alvo de bolsonaristas, Aras tem a simpatia dos filhos parlamentares do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Beija-mão. O presidente recebeu nesta quinta um dos nomes vistos como alternativa a Aras, o subprocurador Paulo Gonet. Católico, conservador, ex-sócio do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, Gonet foi levado ao encontro com o presidente pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), ex-colega de universidade, e pelo ministro do Tribunal de Contas da União Walton Alencar Rodrigues. Tem o apoio do ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho Ives Gandra.

Defensora de Gonet, Bia disse ao Estado que Bolsonaro tem procurado alguém "alinhado" ao governo e que as conversas com Aras estão "mais adiantadas". Em relação a críticas ao nome, a deputada afirmou que Bolsonaro disse estar olhando para frente, e não para trás.

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