Foto de Flávio Bolsonaro vestindo camiseta com ofensa a nordestinos é montagem

Na imagem original, de 2016, peça de roupa usada pelo senador não tem nenhuma inscrição

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Por Pedro Prata
Atualização:

Uma foto que mostra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) vestindo uma camiseta azul foi alterada digitalmente para incluir na peça de roupa uma mensagem com ofensas a nordestinos. Esta peça de desinformação circulou nas redes sociais pela primeira vez dias antes das eleições de 2018, quando o político concorria ao Senado, mas voltou a viralizar no Facebook nos últimos dias.

"Leiam o que está escrito na camisa do filho do 'Bozo'", convida a legenda da imagem fraudulenta. "Movimento nordestinos voltem para casa -- o Rio não é lugar para jegue."

Imagem foi postada dias antes do primeiro turno das eleições 2018, mas voltou a viralizar. Foto: Reprodução

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A foto original foi publicada pelo portal G1 em 2 de outubro de 2016. Ela mostra Flávio acompanhado de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, indo votar na Escola Municipal Barão Homem de Mello, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Naquele ano, Flávio era candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.

Na imagem, clicada por Fernanda Rouvenat, é possível ver que a camiseta azul-marinho de Flávio é lisa e não contém nenhuma inscrição. Na verdade, ele usa um adesivo com o número de sua campanha, 20, que foi excluído na edição da foto.

Alguns elementos em comum entre a foto do G1 e o boato permitem concluir se tratar da mesma imagem: um bandeira atrás de Flávio, os detalhes no portão de uma casa e um prédio ao fundo. da imagem.

A foto original foi publicada pelo portal G1 em 2 de outubro de 2016. Foto: Reprodução | G1/Reprodução

Em seu Twitter, Flávio Bolsonaro denunciou a montagem em 2018:

A imagem voltou a viralizar no momento em que o presidente Jair Bolsonaro, pai de Flávio, procura aumentar suas popularidade e influência sobre o Nordeste. O Estadão Verifica já checou uma peça de desinformação relacionada à inauguração de um poço pelo presidente no Rio Grande do Norte.

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O Estadão Verifica já havia verificado essa imagem em 2018, em parceria com o Projeto Comprova. Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos, Boatos.org, E-Farsas, Agência Lupa e Fato ou Fake.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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