Foto de agressão foi feita em Copacabana, e não em protesto na Paulista

Imagem foi tirada de contexto em post que critica a cobertura da imprensa sobre as manifestações deste domingo

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Por Alessandra Monnerat
Atualização:

A imagem de um grupo de pessoas que agride um homem caído no chão, vestido com a camisa da seleção brasileira, foi feita em Copacabana, no Rio de Janeiro, e não na Avenida Paulista. Um post no Facebook associou erroneamente a foto ao protesto realizado em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) no domingo, 31. O ato foi organizado por representantes de torcidas de futebol que se intitulam pró-democracia e antifascismo.

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A postagem critica a cobertura da imprensa sobre as manifestações em São Paulo e em Brasília, que ocorreram no mesmo dia. No ato pró-Bolsonaro, participantes traziam cartazes que pediam intervenção militar e reproduziam mensagens contrárias ao Supremo Tribunal Federal (STF). No protesto anti-Bolsonaro, manifestantes gritavam "Democracia" e entoavam músicas contra o presidente -- posteriormente, houve confronto entre grupos pró e contra governo que estavam na avenida e a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas.

 Foto: Reprodução/Facebook

Estadão Verifica não conseguiu determinar a autoria da foto divulgada no post enganoso; no entanto, circula nas redes sociais vídeo do momento da agressão. Apesar de a filmagem ter sido feita de outro ângulo, é possível perceber que o local e as pessoas retratadas são as mesmas. Os posts mais antigos com o vídeo são do início da tarde do dia 31 de maio.

https://www.facebook.com/ubajaran.moreira/videos/2934403423303304

Na filmagem, podemos identificar o padrão da calçada de pedras portuguesas, a fachada de um hotel Windsor, uma banca de jornais, uma árvore e um portão de metal. Com esses elementos, precisamos a localização do vídeo e da foto: o número 30 da Rua Sá Ferreira, em Copacabana.

No Rio, um grupo de torcedores da Democracia Rubro-Negra também fez ato contra Bolsonaro no domingo, na orla da Praia de Copacabana. Em meio à divisão entre manifestações favoráveis e contrárias ao governo federal, um policial militar afirmou ao deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) que tinha mandado queimar uma bandeira do grupo de torcedores.

O Estadão Verifica apontou outras duas imagens que tem sido erroneamente relacionadas ao protesto de domingo nas redes sociais: a foto de um grupo queimando uma bandeira brasileira e a de um PM recolhendo uma bandeira do chão. 

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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