A Operação Lava Jato prendeu 182 investigados em 2016. Entre janeiro e dezembro, a Polícia Federal e a Procuradoria da República deflagraram 17 novas etapas da operação, com 1.434 procedimentos instaurados e cumprimento de 103 mandados de prisão temporária e 79 de preventivas, além de 730 de busca e apreensão e 197 de condução coercitiva, entre eles o do ex-presidente Lula, ocorrido em 4 de março no âmbito da Operação Aletheia.
Durante todo o ano o Ministério Público Federal apresentou 20 novas denúncias contra acusados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa - superando as atividades em 2015 (15 operações e 15 denúncias) e 2014 (8 operações e 17 denúncias), além de 4 ações penais relacionadas ao Caso Banestado que foram reativadas a partir da quebra de acordo do doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato.
Veja o que aconteceu em cada mês do ano:
JANEIRO
TRIPO X
Em 27 de janeiro, a Lava Jato abriu 2016 com a 22ª fase, batizada de Operação Triplo X, que teve como alvo o uso de offshores abertas pelo escritório da Mossack Fonseca, do Panamá, para ocultação de imóvel no Edifício Solaris, do Guarujá.O empreendimento foi comprado pela OAS da cooperativa habitacional do sindicato dos bancários de São Paulo, a Bancoop, ligada ao PT. O edifício é onde a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era proprietária de uma unidade
FEVEREIRO
OPERAÇÃO ACARAJÉ
Em 22 de fevereiro, foi deflagrada a 23ª fase, batizada de Operação Acarajé. O marqueteiro do PT, João Santana, das campanhas de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e Lula, em 2006, foi preso, junto com a mulher e sócia Mônica Moura. Os dois foram identificados recebendo US$ 7,5 milhões da Odebrecht e do lobista Zwi Skornicki, que atuava em nome da multinacional Keppel Fells, em conta secreta na Suíça.
MARÇO
OPERAÇÃO ALETHEIA
Em 4 de março, a Lava Jato atinge seu ponto máximo: o alvo é o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Às 6h é deflagrada a 24ª fase, batizada de Operação Aletheia . Em São Bernardo do Campo, a Polícia Federal levou o petista de sua casa para depor coercitivamente, em uma sala reservada do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Foram feitas buscas na sede do Instituto Lula, em endereços relacionados ao ex-presidente. Pelo País, uma onda de protestos contra e a favor da operação
GRAMPOS LULA
Em 16 de março, a Lava Jato divulgou GRAMPOS TELEFÔNICOS feitos na Operação Atelheia que tinham Lula como alvo. No conteúdo, uma conversa com a ex-presidente Dilma Rousseff sugeria que sua nomeação como ministro da Casa Civil seria feita para que ele escapasse das ordens do juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato em Curitiba
OPERAÇÃO POLIMENTO
Em 21 de março, foi deflagrada a 25ª fase, batizada de Operação Polimento. Primeira fase internacional, o alvo foi o operador de propinas Raul Schmidt Felipe Junior, preso em Portugal.
OPERAÇÃO XEPA
Em 23 de março, um dia depois de deflagrar uma nova fase, a Lava Jato chega ao "departamento da propina" da Odebrecht. É deflagrada a 26ª fase, batizada de Operação Xepa. Os alvos eram funcionários do Setor de Operação Estruturadas da Odebrecht, entre eles as secretárias Maria Lucia Guimarães Tavares e Angela Palmeira, que fizeram delação premiada e confirmaram o envolvimento dos Odebrechts com o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobrás
ABRIL
OPERAÇÃO CARBONO 14
Em 1º de abril, a Lava Jato reabre o caso Celso Daniel (prefeito do PT de Santo André/SP, assassinado em 2002). É deflagrada a 27ª fase, batizaeda de Operação Carbono 14. Os alvos foram o empresário Ronan Maria Pinto, de Santop André, e os ex-tesoureiros do PT, Silvio Pereira e Delúbio Soares.
OPERAÇÃO VITÓRIA DE PIRRO
Em 12 de abril, a Lava Jato deflagra a 28ª fase, batizada de Operação Vitória de Pirro. O alvo é o ex-senador Gim Argello, que foi preso acusado de corrupção na CPI da Petrobrás.
MAIO
OPERAÇÃO REPESCAGEM
Em 23 de maio, a Lava Jato deflagra a 29ª fase, batizada de Operação Repescagem. O alvo é o ex-assessor do PP João Claudio Genu, também alvo do mensalão.
OPERAÇÃO VÍCIO
Um dia depois, em 24 de maio, uma nova operação é deflagrada, a 30ª fase, batizada de Operação Vício. O alvo são novos contratos da Petrobrás na área de fornecimentos de equipamentos, que envolvia propinas para o ex-ministro José Dirceu
ODEBRECHT ASSINA ACORDO DE CONFIDENCIALIDADE
A empreiteira inicia formalmente a negociação para um acordo de colaboração com a Lava Jato.
JUNHO
OPERAÇÃO CUSTO BRASIL
Em 23 de junho, uma força-tarefa de procuradores da República em São Paulo deflagram a Operação Custo Brasil. O alvo é o ex-ministro Paulo Bernardo, acusado de corrupção e desvios de mais de R$ 100 milhões em contratos de empréstimos consignados dos servidores federais, via Ministério do Planejamento
JULHO
OPERAÇÃO SÉPSIS
O grupo de trabalho da Lava Jato na procuradoria-geral e a Polícia Federal, no dia 1 de julho, prendeu Lúcio Funaro e levou Milton Lyra coercitivamente para depor. Os dois são apontados como operadores do PMDB da Câmara e do Senado, respectivamente. Além disso, fez busca na casa do bilionário Joesley Batista, da Friboi. A operação Sépsis apura a atuação de Eduardo Cunha na liberação de investimentos do FI FGTS e o pagamento de propina de um executivo da Hypermarcas para aprovar medidas no Congresso.
OPERAÇÃO ABISMO
Em 4 de Julho, a Polícia Federal deflagrou a Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato contra fraudes de R$ 39 mi no Centro de Pesquisa da Petrobrás. O alvo principal é o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira.
OPERAÇÃO CAÇA-FANTASMAS
A Polícia Federal, em 7 de julho, a Operação Caça-Fantasmas, a 32ª fase da Lava Jato. O alvo principal foi Edson Paulo Fanton, representante do FP Bank do Panamá, no Brasil, contra quem foi expedido mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão.
AGOSTO
OPERAÇÃO RESTA UM
A Polícia Federal, em 2 de agosto, avançou sobre a segunda maior empreiteira a atuar na Petrobrás, a Queiroz Galvão, e sobre o já falecido tucano Sérgio Guerra. O ex-presidente do PDSB teria recebido R$ 10 milhões para atuar contra as apurações da CPI da Petrobrás.
SETEMBRO
OPERAÇÃO ARQUIVO X
A Polícia Federal, em 22 de setembro, prendeu o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, o petista Guido Mantega. Entre outras provas para solicitar a prisão, o MPF apresentou um depoimento do empresário Eike Batista no qual ele apontava o pagamento de R$ 5 milhões a pedido de Mantega para saldar dívidas do PT.
OPERAÇÃO OMERTÁ
Em 26 de setembro, a Polícia Federal foi para cima da Odebrecht e prendeu um dos homens mais poderosos do Partido dos Trabalhadores, o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci. O petista é apontado como o "Italiano" das planilhas do departamento da propina.
OUTUBRO
PRISÃO EDUARDO CUNHA
Em 19 de outubro, o juiz Sergio Moro autorizou a prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB). O magistrado acolheu os argumentos da força-tarefa da Procuradoria da República de que Eduardo Cunha em liberdade representa um 'risco para a instrução do processo e para a ordem pública'. Em Curitiba, o peemedebista é alvo de processo sobre suas contas na Suíça.
NOVEMBRO
OPERAÇÃO CALICUTE
No dia 17 de novembro, a Polícia Federal colocou na rua a operação Calicute. Era a primeira ação coordenada entre as forças-tarefas das procuradorias da República no Paraná e no Rio, que culminou na prisão do ex-governador do estado fluminense, Sérgio Cabral (PMDB). Cabral e seu grupo político são suspeitos de desvios na casa dos R$ 220 milhões.
DEZEMBRO
ODEBRECHT ASSINA ACORDO DE LENIÊNCIA
Em 1 de dezembro, a Odebrecht assinou o acordo de leniência com a Lava Jato. Nos das posteriores, 77 executivos da empresa também assinaram os acordos de delação premiada. No dia 21, EUA e Suíça também anunciaram a assinatura de acordo com a empreiteira baiana.