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Quem é Orlando Silva? Conheça o candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo

O deputado federal e ex-ministro do Esporte no governo Lula se junta a enfermeira em chapa pura para concorrer ao cargo de prefeito de SP

Por Diego Kerber
Atualização:

Desde 1985, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) sempre apoiou outros partidos de esquerda em eleições municipais na capital paulista, principalmente o PT (Partido dos Trabalhadores). Para este ano, porém, a legenda rompeu a tradição e indicou o seu próprio candidato para a corrida à Prefeitura de São Paulo: o ex-ministro do Esporte e deputado federal Orlando Silva, de 49 anos.

Partido PCdoB confirma Orlando Silva como candidato da legenda para a Prefeitura de Sao Paulo nas eleições municipais 2020 Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

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O partido decidiu concorrer com uma chapa pura, ou seja, com candidata a vice da mesma sigla. Quem assumiu esse posto foi a sindicalista e enfermeira Andrea Barcelos, de 46 anos. Segundo Silva, a dissociação com o PT é resultado do momento político, em que “o Brasil vive uma mudança de ciclo político.”

Essa é a primeira eleição majoritária em que Orlando Silva participa como candidato ao Executivo, apesar de ter começado sua vida na política aos 17 anos, quando se filiou ao PCdoB. O deputado também foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União da Juventude Socialista (UJS), além de ter atuado como ministro do Esporte durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT).

Na última pesquisa eleitoral do Ibope/Estadão/TV Globo, Silva aparece com 1% das intenções de voto, juntamente com Jilmar Tatto (PT). Ele disputa os votos da esquerda com Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB), que têm 8% e 7% das intenções, respectivamente.

Vida e carreira política

Orlando Silva nasceu em 1971 na periferia de Salvador (BA), onde estudou em escola pública. Começou a se envolver com política ao entrar para o PCdoB e para a UNE para pedir melhores condições de ensino. Ele se mudou para São Paulo em 1992 para liderar o movimento “caras pintadas”, grupos de estudantes que exigiam a queda do então presidente Fernando Collor.

Três anos depois, foi eleito o primeiro e único presidente negro da história da UNE. Seus dois anos de gestão foram marcados por lutas contra as privatizações de várias empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, e a favor da democratização do ensino superior público. Em 1998, após deixar a presidência da UNE, assumiu como presidente da UJS, em que manteve o mote da sua gestão anterior contrária às privatizações.

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No fim do primeiro mandato do ex-presidente Lula, em 2006, Silva assumiu o Ministério do Esporte e ficou no cargo até 2011, primeiro ano de mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Algumas marcas da sua gestão foram o Programa Bolsa Atleta, que apoia atletas de alto rendimento, e a Lei de Incentivo ao Esporte, que permite a aplicação de dinheiro vindo de renúncia fiscal em projetos esportivos.

Orlando Silva é deputado federal em segundo mandato peloPCdoB. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Nas eleições municipais de 2012, foi eleito vereador em São Paulo. Em seu primeiro mandato, atuou na aprovação da Lei de Incentivos Fiscais para a Zona Leste, que dá apoio a empreendedores e empresas da região, e apresentou o projeto de lei que exigia a paridade de gênero em todos os conselhos municipais, que resultou na Lei Nº 15.946, que garantiu 50% das cadeiras desses espaços a mulheres.

Em 2014, foi eleito deputado federal e, atualmente, exerce o seu segundo mandato na Câmara dos Deputados. Sua atuação na casa foi marcada por ter sido relator da Lei de Migração e da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), além de ter presidido a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP).

Denúncias e polêmicas

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Sua saída do Ministério do Esporte, em 2011, foi envolta em polêmica. Na época, o então ministro foi acusado pelo policial militar João Dias Ferreira, em entrevista à Revista Veja, de receber propina na garagem do Ministério do Esporte em 2008. Isso levou a várias denúncias de desvios de verba em sua gestão. Ele negou todas as acusações e alegou que sofreu um linchamento político e saiu de forma “consciente”.

Silva também foi envolvido na chamada CPI dos Cartões Corporativos em 2008, que investigava uso indevido do cartão corporativo por alguns ministros do governo Lula. Segundo a assessoria do candidato, o então ministro alegou que devolveu o único gasto indevido, um total de R$7,80, em dezembro de 2007, portanto meses antes da CPI e, que, por indignação, optou por devolver todo o valor gasto no cartão corporativo desde o começo da sua gestão no ministério.

Quando chefiava o Ministério dos Esportes, Orlando Silva foi acusado de desvio de recursos, mas não foi condenado pornenhuma das acusações. Foto: Dida Sampaio/AE

Orlando Silva ainda foi citado em uma delação premiada do diretor financeiro da J&F, Ricardo Saud, em 2017. Saud afirmou que Silva recebeu propina para a sua campanha à Câmara dos Deputados nas eleições de 2014. O deputado negou as acusações e afirmou que todas as doações que sua campanha recebeu estavam dentro da lei.

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De acordo com a assessoria do candidato, Orlando Silva não responde e nem nunca respondeu a nenhum processo sobre os casos citados. O candidato afirma que após quase uma década nunca foi nem sequer chamado para depor. Segundo ele, as acusações têm 'caráter político-midiático'.

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