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Promotor que investiga rachadinha cobra 'qualificação completa de todos' os assessores do Carteiro Reaça

Ricardo Manuel Castro, que investiga suposto ato de improbidade e enriquecimento ilícito, também quer explicações do deputado Gil Diniz, líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo, e chama para depor o ex-assessor Alexandre Junqueira, o Carioca de Suzano, que denunciou a partilha de salários no gabinete

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Foto do author Fausto Macedo
Por Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

Gil Diniz, líder do PSL na Alesp. Foto: José Antonio Teixeira/Agência Alesp

O promotor de Justiça Ricardo Manuel Castro abriu inquérito civil para investigar o líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo, Gil Diniz, o Carteiro Reaça, por suposta 'rachadinha'. Ele pediu que sejam notificados para esclarecimentos, além do próprio parlamentar, também seu denunciante, Alexandre Junqueira, conhecido como Carioca de Suzano. Cobrou, também, do Legislativo Paulista, que entregue a 'qualificação completa' dos demais assessores do deputado estadual.

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Ao abrir a investigação, Castro expediu ofício para que, em 15 dias, o deputado envie seus esclarecimentos por escrito. Também marcou para 21 de novembro o depoimento do ex-assessor.

"Expedição de ofício à Assembleia Legislativa de São Paulo, por intermédio da Procuradoria-Geral de Justiça, requisitando o envio de qualificação completa de todos os funcionários designados para prestar serviços junto ao gabinete do deputado estadual Gildevânio Ilso dos Santos Diniz, desde o início desta legislatura até a presente data, com o envio de cópia dos comprovantes dos pagamentos de vencimentos dos mesmos", ordenou, dando prazo de 20 dias para que a medida seja cumprida.

O deputado afirma que o 'gabinete está à disposição' da Promotoria. "Se a gente puder antecipar e prestar esses esclarecimentos ao promotor, a gente já se coloca à disposição".

 Foto: Estadão

Esta é a segunda investigação aberta sobre o caso. Como o promotor Ricardo Manuel Castro é da área do Patrimônio Público e Social, atuante na esfera civil. A ele cabe investigar atos de improbidade e enriquecimento ilícito, que teriam, como sanções, além de multa e ressarcimento de eventuais prejuízos aos cofres do Estado, a perda de cargo, suspensão de direitos políticos, caso o parlamentar seja alvo de ação civil pública e, posteriormente, condenado.

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Na esfera criminal, o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, também determinou a instauração de procedimento para investigar o caso.

O procurador-geral de Contas do Estado, Thiago Pinheiro Lima, fez questionamentos à Casa, considerando que eventual desvio de salários poderia implicar na reprovação das contas da Casa. 

Alexandre de Andrade Junqueira afirma que presenciou 'por vezes' a circulação de dinheiro em espécie no gabinete do 'Carteiro Reaça'. Ele fez uma representação à Procuradoria-Geral de Justiça em que acusa o deputado de pedir para que os seus funcionários devolvam seus vencimentos, e também de manter funcionária fantasma em seu gabinete. 

Em entrevista ao Estado, o Carteiro Reaça reagiu à acusação de Junqueira: "Saiu magoado e agora fez essa denúncia". O deputado, que foi assessor de Eduardo Bolsonaro na Câmara até 2018, quando se elegeu, afirma que o ex-servidor não tinha 'produtividade' e foi exonerado.

Junqueira trabalhou como assessor do 'Carteiro Reaça' entre 20 de março e 31 de julho e conta que 'logo no início', pediram para que 'devolvesse parte do salário'. O ex-servidor ganhava, em média, R$ 15,5 mil.

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O ex-servidor diz que houve uma menção especial com relação às GEDS, as 'Gratificações Especiais por Desempenho'. "Só foram incorporadas ao meu salário para que eu as devolvesse em dinheiro para o Deputado", diz.

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Na representação ele afirma ainda que se recusou a devolver o salário, e, que, por isso, teria recebido a proposta de um rebaixamento para o cargo de motorista. Ele alega que não aceitou a oferta, foi proibido de ir ao gabinete e orientado a 'comparecer apenas uma vez por semana para assinar a folha de ponto'.

"Todos os assessores que recebem o salário no teto fazem rodizio das gratificações, que costumam ser sacadas em dinheiro para pagamento das contas de apoiadores do Deputado Estadual Gil Diniz. Tenho conhecimento que o mesmo procedimento ocorre na Liderança do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo", registra ainda o ex-servidor.

COM A PALAVRA, GIL DINIZ

"Vou pedir para algum assessor passar no MP para saber quais informações eles querem do gabinete. Nome dos funcionários. Tem o nosso endereço aqui na Assembleia, mas, se precisar, o endereço completo dos assessores também. A gente vai colocar à disposição, porque solicitar aqui para a Casa às vezes é um pouco mais moroso. Em vez de resolver em um dia, ou então na metade de um dia, e ele já ter a informação amanhã pela manhã, a Casa vai demorar dias para passar essa informação para ele.

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Então, vamos tentar dar maior celeridade e responder todas as questões do MP, colocar nosso gabinete para prestar todos os esclarecimentos, e, inclusive, ir pessoalmente. Não tem nem a necessidade de ficar sendo citado. Se a gente puder antecipar e prestar esses esclarecimentos ao promotor, a gente já se coloca à disposição.

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