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Líder do PSL na Assembleia de São Paulo, ex-assessor de Eduardo Bolsonaro é acusado de 'rachadinha' por ex-servidor

Alexandre de Andrade Junqueira ganhava R$ 15,5 mil e permaneceu no gabinete de Gil Diniz, conhecido como 'Carteiro Reaça', entre março e julho; ele também diz que o deputado estadual, que foi assessor na Câmara, empregava uma 'deputada fantasma'

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Por Renato Onofre/BRASÍLIA e Luiz Vassallo/SÃO PAULO
Atualização:

Gil Diniz. Foto: Reprodução / Agência Alesp

Um ex-assessor parlamentar denunciou à Procuradoria-Geral de Justiça um suposto esquema de 'rachadinha' no gabinete do deputado estadual Gil Diniz, líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo ele, a prática era 'comum', e haveria também uma 'funcionária fantasma', amiga de longa data do parlamentar.

Diniz foi assessor de Eduardo Bolsonaro (PSL) entre 2016 e 2018, quando se elegeu deputado e é conhecido como 'Carteiro Reaça'. Atualmente, é vice do diretório do partido em São Paulo, presidido por Eduardo. O partido avalia lançar seu nome para a Prefeitura de São Paulo, nas eleições de 2020.

 

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Alexandre de Andrade Junqueira foi lotado no gabinete entre 20 de março e 31 de julho e ganhava, em média, R$ 15,5 mil. A representação dele foi feita nesta segunda, 14. "Presenciei por várias vezes a circulação de dinheiro em espécie. e o pagamento de diversas contas particulares com esse dinheiro oriundo da 'rachadinha'".

Junqueira narra que seu vínculo com o deputado estadual começou durante a campanha. "Quando me juntei a ele para apoiá-lo em virtude de suas ideias". O ex-assessor especial parlamentar diz que, 'logo no início', pediram para que 'devolvesse parte do salário' e, 'principalmente, as GEDS (gratificações), que só foram incorporadas ao meu salário para que eu as devolvesse em dinheiro para o Deputado'.

Não há, no Diário Oficial, registro de atribuição de 'Gratificação Especial por Desempenho', bonificação chamada comumente de GED no Legislativo. Ele afirmou ao Estado que a gratificação não chegou a ser concedida porque teria sido 'afastado do gabinete com 14 dias do mandato'.

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O assessor afirma que se recusou a devolver o salário, e, por isso, teria sido proposto a ele um rebaixamento para o cargo de motorista. "E em seguida, permaneci por quatro meses em casa sem prestar quaisquer serviços, a titulo de punição pela ninha recusa, conforme imposto pelo Deputado em questão. Ainda que eu quisesse trabalhar, fui proibido de ir ao gabinete e orientado a ali comparecer apenas uma vez por semana para assinar a folha de ponto".

"Todos os assessores que recebem o salário no teto fazem rodizio das gratificações, que costumam ser sacadas em dinheiro para pagamento das contas de apoiadores do Deputado Estadual Gil Diniz. Tenho conhecimento que o mesmo procedimento ocorre na Liderança do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo", conclui o ex-servidor, em representação. Ele ainda diz estar à disposição para mais esclarecimentos.

COM A PALAVRA, GIL DINIZ

A falsa acusação foi feita por um ex-assessor que foi exonerado por não se adequar à rotina do gabinete. É importante notar que este ataque surge quando coloquei meu nome à disposição para a disputa pela Prefeitura de São Paulo, no momento em que alcancei projeção no papel de crítico ferrenho do governador João Doria e como um aliado próximo do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo. A falsa acusação vem de alguém que se mostrou inapto para o trabalho parlamentar e de representação e que, convenientemente, viajou para Indonésia, em outro continente, dias antes de decidir distribuir suas mentiras. Vale ressaltar que, com intuito de combater a prática nefasta da "rachadinha", apresentei o Projeto de lei 705 de 2019, no dia 25 de maio, que torna obrigatória a publicidade da gratificação especial de desempenho (GED) na internet. Meu gabinete é um dos mais enxutos da Alesp e estou entre os 10 deputados estaduais que menos gastam recursos públicos. Deixarei à disposição todos os meus extratos bancários

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