Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec) denunciaram o ex-corregedor-geral da Secretaria Estadual da Fazenda de São Paulo, Marcus Vinícius Vannucchi, e sua mulher, Olinda Alves do Amaral Vannucchi, pelo crime de lavagem de dinheiro envolvendo o bunker dos US$ 180 mil. Também pediram à Justiça que converta sua prisão temporária - por cinco dias prorrogáveis - em preventiva.
A denúncia é assinada pelos promotores Fernanda de Mello, Marcelo Mendroni, Roberto Bodini, Luis Claudio de Carvalho Valente, Rodrigo da Silveira e Felipe Bertolli.
Documento
DENÚNCIAVannucchi está preso na Operação Pecúnia non Olet, deflagrada no dia 6, pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec) do Ministério Público Estadual, e da Polícia Civil. Inicialmente, os investigadores acharam R$ 19 mil na casa de sua ex-mulher, Olinda, e R$ 2 mil em um imóvel do ex-corregedor.
Os dólares e euros foram encontrados em uma segunda busca na residência, na sexta, 7, após uma denúncia anônima revelar a existência do cômodo secreto à Polícia Civil e ao Ministério Público. Foram encontrados US$ 180 mil e 1,3 mil euros dentro de um móvel encontrado no bunker. Naquele dia, Olinda foi presa em flagrante, e a Justiça decretou sua prisão preventiva.
Os promotores afirmam que 'os altos numerários foram localizados dentro de residência em nome de Olinda Alves do Amaral Vannucchi, "ex"-esposa de Marcus Vinicius Vannucchi. "Inimaginável que a própria dona da casa desconhecesse a existência e a finalidade de um cômodo dentro de sua própria casa, e/ou a existência de expressivo valor em moeda estrangeira; de modo que resta afastada a hipótese de que ela desconhecida a ocultação desses valores ilícitos".
"Desse modo, sobram evidências de que todo aparato tecnológico que se destinou à finalidade espúria de esconder tais valores foi "arquitetado" por Marcus Vinicius Vannucchi, que necessitava de um cômodo destinado a ocultar os valores ilicitamente por ele obtidos, instalandoo na residência que ficou em nome da sua "ex"-esposa (que, em verdade, nunca foi "ex) é sua esposa de fato)", afirmam.
Os promotores ainda afirmam que 'dentro do tal "Quarto do Pânico" foram localizados documentos de natureza diversa pertencentes ao próprio ex-Corregedor Geral da CORFISP'. "Da mesma forma, em meio a esses documentos em nome dele, também constam diversos documentos em nome de Olinda Alves do Amaral Vannucchi, que é formalmente a proprietária do imóvel em que foi descoberto o Bunker".
"Muito embora ela tenha alegado, na ocasião, que desconhecia a existência do dinheiro no cômodo que o ocultava, reitera-se que não é razoável aduzir que a própria proprietária da casa desconhecesse aquele expressivo valor oculto em ambiente igualmente dissimulado, acessível através de aparelhos tecnológicos instalados, destinados a darem respaldo à ocultação de bens, valores e documentos", sustentam.
Segundo os promotores 'há indícios de aquele cômodo oculto seja original desde o projeto inicial da casa, o que demonstra que tenha sido planejado, em conjunto, pelo casal'.
O ex-corregedor-geral é acusado de cobrar propina do Magazine Luíza e de fiscais investigados pela Corregedoria. Em depoimento, disse que nunca fiscalizou a rede de varejo.
Investigação
A Promotoria descobriu que, por meio de seus familiares, o ex-corregedor ocultava um patrimônio milionário, menos 65 imóveis adquiridos com dinheiro 'sem origem lícita'.
A Promotoria sustenta que o agente fiscal de Rendas separou-se da mulher, Olinda Alves do Amaral Vannucchi, com objetivo de dissimular bens, transferidos para o nome dela.
Segundo apurou o Estado, somente uma das empresas da ex-mulher comprou uma dezena de imóveis, por R$ 6,5 milhões, em um mês, no ano de 2016.
As investigações revelam que o casal retificou declarações de Imposto de Renda 41 vezes em sete anos. Se somadas a evoluções patrimoniais de Olinda e da mãe de Vannucchi, Hercília Chioda, que é professora, em um período de 7 anos, elas ganharam juntas R$ 12,5 milhões.