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Ex-corregedor da Fazenda comprou 65 imóveis com dinheiro 'sem origem lícita', revela Promotoria

Marcus Vinícius Vannucchi, preso nesta quinta, 6, por supostamente exigir propinas do Magazine Luiza e de fiscais investigados, chefiava a Corregedoria da Secretaria da Fazenda de São Paulo até que a Justiça decretou sua prisão

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Por Julia Affonso
Atualização:

Marcos Vinícius Vannuchi. Foto: Reprodução

O ex-corregedor da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo Marcus Vinícius Vannucchi, preso temporariamente por cinco dias nesta quinta, 6, na Operação Pecunia non Olet por supostamente cobrar propina do Magazine Luiza e de fiscais adquiriu 65 imóveis sem apresentar a origem lícita do dinheiro. O Ministério Público do Estado afirma que Vanucchi 'teve injustificável aumento de patrimônio após assumir o cargo de Corregedor'.

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DECISÃO

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"Muitos (imóveis) ele já negociou", declarou o promotor de Justiça Marcelo Mendroni.

A delegada da Polícia Civil Fabíola de Oliveira Alves informou que foram apreendidos R$ 2 mil em dinheiro vivo no apartamento do ex-corregedor em São Paulo. Na casa da ex-mulher, a operação pegou R$ 19 mil em espécie.

Vannuchi assumiu a chefia da Corregedoria em 2016 para um mandato de 4 anos. Faltavam cerca de 7 meses para ele deixar o cargo.

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A investigação aponta que Vannuchi já cobrava propina antes de chefiar a Corregedoria. No órgão,  segundo a Promotoria, o então corregedor arquivou Procedimentos Administrativos de Fiscais suspeitos de enriquecimento ilícito e denunciados criminalmente 'de forma desarrazoada'.

"A gente chegou a ver casos absurdos um fiscal justificar na declaração de imposto de renda que ele passa o mês com R$ 500", narrou Mendroni.

"Fazia vista grossa e arquivava o procedimento."

Vannuchi foi capturado em Itatiba, interior de São Paulo, na casa da ex-mulher. O ex-corregedor se disse 'surpreso' com a prisão.

"Até a expedição da ordem judicial ainda era o corregedor-geral da Secretaria da Fazenda. Um ou dois dias depois, por alguma razão que a gente desconhece, coincidência ou não, não sabemos, ele foi exonerado do cargo de corregedor. As ordens judiciais já estavam lançadas", afirmou o promotor Marcelo Mendroni.

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O Ministério Público identificou 'uma evolução de patrimônio financeiro e de imóveis em nome das empresaa e das interpostas pessoas - especialmente a mãe,  a ex-mulher e filhos - para dissimular a quantidade de bens e valores'.

De acordo com a Promotoria, Vannuchi 'realizou inúmeras e sucessivas retificações' de Imposto de Renda, 'adicionando patrimônio sem correspondente lastro de ganhos'.

A ex-mulher de Vannuchi, revela a investigação, apresentou 24 declarações em 7 anos.

A Justiça sequestrou 37 imóveis em nome do ex-corregedor e de investigados ligados a ele. Vannuchi foi afastado do cargo de auditor fiscal do Estado e proibido de manter contato com outros agentes.

A operação fez buscas no prédio da Corregedoria. O promotor de Justiça Felipe Bertolli afirmou que 'um esquema de corrupção que envolve a Corregedoria é simbólico e extremamente grave' e que a ida ao edifício tinha por objetivo buscar 'evidências desses desvios'.

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"Isso acaba gerando um efeito de impunidade em relação a todos os aqueles outros fiscais que estão sob análise da Corregedoria", disse.

De acordo com Bertolli, a investigação vai continuar 'para verificar em relação a todos aqueles procedimentos que foram submetidos à Corregedoria se houve desvio de conduta do Corregedor e dos fiscalizados'.

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