São falsas as postagens de redes sociais que afirmam que o estado norte-americano de Wisconsin teria recebido mais votos do que o número de eleitores registrados nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Esta peça de desinformação foi publicada inicialmente nos Estados Unidos mas também chegou ao Brasil e viralizou no Facebook, onde já foi compartilhada ao menos 1,7 mil vezes.
Uma postagem diz que "Wisconsin está contando 3.239.920 votos. Eles possuem apenas 3.129.000 votantes registrados". A informação falsa foi verificada pela agência de checagens Politifact. Dados da comissão eleitoral do Wisconsin mostram que o estado tinha 3.684.726 eleitores registrados ativos em 1º de novembro de 2020.
A própria página oficial da Comissão Eleitoral no Twitter disse que o número de eleitores ativos era superior a 3,6 milhões. "Não há mais votos do que eleitores registrados", escreveu. Esclareceu, ainda, que o estado permite que as pessoas se registrem como eleitores no dia da eleição. Por isso, os números não-oficiais não representam o número real de votantes registrados ativos.
A divulgação da contagem feita tradicionalmente pela Associated Press indicava que às 9h13 do horário local (11h18 pelo horário de Brasília) desta sexta-feira, 6, haviam sido registrados 3.297.420 votos no estado. Biden liderava com 49,4% dos votos (1.630.541) contra 48,8% para Donald Trump (1.610.007).
A agência de checagem da AFP identificou a tabela utilizada no boato como sendo da página World Population Review. Apesar da tabela dizer que os dados mostrados são de 2020, a AFP identificou que os números estavam desatualizados e representavam os eleitores registrados em 2018. A página foi atualizada e mostra o mesmo número informado pela Comissão Eleitoral do Wisconsin, com um aviso de que os dados estavam desatualizados.
Após a divulgação da contagem dos votos, tradicionalmente feita pela Associated Press, apontar vantagem para o candidato democrata, Joe Biden, o presidente Donald Trump acusou, sem provas até o momento de publicação desta checagem, alguns estados-chave de promoverem fraude na contagem de votos. Com isso, alguns estados foram alvo de desinformação nas redes sociais. O Estadão Verifica já checou alegações sobre a Pensilvânia, o Arizona e Michigan.
Esse conteúdo também foi checado por Aos Fatos.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.