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Após Lula, delegado e procurador falam em novos alvos

Policial da PF afirma que ‘agora é hora de serem presos líderes de viés ideológico diverso’; procurador quer fim do foro privilegiado

Foto do author Marcelo Godoy
Foto do author Luiz Vassallo
Por Marcelo Godoy e Luiz Vassallo
Atualização:

Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima e delegado Milton Fornazari. FOTOS: RODOLFO BUHRER/ESTADÃO e SINDPFSP.ORG.BR Foto: Estadão

*Atualizado às 13h14 de 09/04/2018

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Após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Lava Jato, investigadores ligados à operação dizem que os próximos passos devem ser o aprofundamento das apurações contra líderes de outros partidos, assim como a aprovação de mudanças na legislação penal e o fim do foro privilegiado.

Diferentemente do que o Estado publicou, Fornazari não é o chefe da Delecor, mas atua na Delegacia e mantém sob sua condução inquéritos sensíveis sobre corrupção e crimes financeiros.

+++Café preto e pão com manteiga para Lula

O delegado da Polícia Federal Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo (Delecor), afirmou em uma rede social que "agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc)."

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+++Cenários para Lula preso

O Estado procurou no sábado as assessorias do presidente Michel Temer (MDB), do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas até a noite deste domingo, 8, nenhuma delas se havia manifestado.

Temer foi denunciado duas vezes e é investigado em um inquérito pela Procuradoria-Geral da República. Aécio foi denunciado e é investigado na Lava Jato. Alckmin é investigado em inquérito por caixa 2 no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em razão da delação da Odebrecht.

+++'Um crime sem conduta', insiste defesa de Lula

O texto de Fornazari foi publicado no sábado, 7, no momento em que Lula era levado pela PF para Curitiba (PR). A um amigo que lhe perguntou se podia compartilhar, ele respondeu: "Fique à vontade".

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Neste domingo, 8, porém, o policial o retirou do ar. E publicou novo texto: "Para você que gosta de me monitorar aqui, não adianta se articular, vamos continuar prendendo os corruptos de todos os gêneros".

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+++Preso na Lava Jato, Lula ainda enfrenta mais seis processos

Experiente, o delegado tem em seu currículo a apuração sobre o cartel do Metrô de São Paulo. Também foi responsável pelo inquérito que apura desvios de recursos nas obras do Rodoanel, em São Paulo, que levou à prisão de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor do Dersa, apontado como operador do PSDB paulista. Ele é ainda especialista em cooperação internacional para identificação de lavagem de dinheiro e ocultação de valores.

Fornazari também comentou a situação de Lula. Ele escreveu que o ex-presidente "objetivamente recebeu bens, valores, favores e doações para seu partido indevidamente por empresas que se beneficiaram da corrupção em seu governo". "Por isso merece a prisão."

+++O último comício

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+++'Lula vende-se como um perseguido, o que nunca foi', reagem procuradores

Ele conclui afirmando que se as investigações futuras do órgão chegarem aos outros líderes políticos que ele enumerou "teremos realmente evoluído muito como civilização". "Se não acontecer e só Lula ficar preso, infelizmente, tudo poderá entrar para a história como uma perseguição política."

MPF. Neste domingo, foi a vez do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, desmentir a acusação de "seletividade" da Lava Jato feita por petistas. Ele comentou uma reportagem de O Globo que mostrava investigações que envolviam além de Lula e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), Temer e Aécio. "Mas ainda é preciso fazer mais por todo o Brasil. Lute pelo fim do foro privilegiado, de mudanças nas leis penais e no fortalecimento da democracia."

+++Não exposição pública, batedores e o último comício: bastidores do histórico termo de rendição de Lula

Para a presidente do Sindicato dos Delegados Federais de São Paulo, Tânia Prado, a prisão de Lula cria condições para o fortalecimento do papel da PF. "Vemos uma investigação que começou há quatro anos dar resultado." Para ela, fica "evidente" pelas investigações feitas até agora que a PF não tem partido e que investiga independentemente da ideologia do acusado.

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+++Tumulto, corre-corre, feridos, bombas. Lula chegou!

"Vamos mostrar que o trabalho da Lava Jato vai continuar, não só em São Paulo, mas em outros Estados, com seus desdobramentos", disse. Segundo Tânia, os delegados querem procurar "a verdade" em seus inquéritos e determinar "quem é o autor e encontrar a materialidade dos delitos". "É o que sempre fizemos."

+++DOCUMENTO: Sentença para a história

Após a prisão de Lula, a Associação Nacional de Delegados Federais publicou uma nota na qual dizia que a PF "não tem cor, nem partido - tem missão! E exerce seu papel independentemente de quem seja o investigado, com equilíbrio, moderação e responsabilidade".

COM A PALAVRA, A POLÍCIA FEDERAL

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Em referência à reportagem publicada na página A10 do jornal O Estado de S. Paulo de 10/04, informamos que:

1) O delegado de Polícia Federal Milton Fornazari Jr. não é responsável pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo, tendo exercido a chefia da delegacia de 26/10/2015 a 02/11/2016.

2) O mencionado servidor não faz parte do corpo diretivo da PF em São Paulo e tampouco é porta voz desta instituição.

3) A PF jamais se manifesta oficialmente por meio de perfis pessoais de seus servidores.

4) As declarações proferidas são de cunho exclusivamente pessoal, e contrariam o normativo interno referente a manifestações em nome da instituição, razão pela qual serão tomadas as medidas administrativo-disciplinares em relação ao caso concreto.

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5) A PF reitera seu compromisso, como polícia republicana, de trabalhar de forma isenta, discreta e apartidária, nos estritos limites da lei.

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