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Relembre outras investigações do Rodoanel

Projeto foi lançado em janeiro de 1998 com a previsão de entrega para todo o anel viário metropolitano em oito anos ao custo de R$ 9,9 bilhões

Por Fabio Leite
Atualização:

A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo abriu a Operação Pedra no Caminho nesta quinta-feira, 21, nas cidades de Ribeirão Preto, Bofete, Arujá, Carapicuíba e Marataízes (ES). Um dos alvos da ação é o ex-diretor-presidente da Dersa Laurence Casagrande Lourenço. O alvo da investigação são as obras do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas.

Pela primeira vez, um órgão de fiscalização apontou “graves indícios de irregularidades” envolvendo as obras do Rodoanel Norte. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

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São alvos de mandados os ex-diretores da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário), executivos das construtoras OAS e Mendes Junior, de empresas envolvidas na obra e gestores dos contratos com irregularidades. Segundo a Polícia Federal, o trecho norte do Rodoanel teve um sobrepreço de R$ 131 milhões.

O trecho, em construção desde 2013, deve custar R$ 9,7 bilhões, cerca de 30% a mais do que o previsto para toda a obra. Com 44 quilômetros, a última alça do anel viário sintetiza a sucessão de atrasos e acréscimos de custos que marcaram a execução de todo o Rodoanel.

Só os contratos com as empreiteiras, alvos de investigação do Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de superfaturamento, tiveram reajustes de R$ 586 milhões, metade por causa da lentidão das obras, que deveriam ter sido finalizadas no ano passado e vão custar R$ 4,5 bilhões.

++ Nova testemunha confirma fraude na obra do Rodoanel à PF

Já as desapropriações, apontadas pelo governo como o principal entrave para o avanço da obra por causa de disputas judiciais, custarão R$ 2,5 bilhões, mais do que o dobro do previsto. As desapropriações também são investigadas por supostos desvios. Sucessivos aumentos fizeram com que o trecho norte se tornasse o mais caro entre as quatro alças do Rodoanel, apesar de ser o menos usado. 

Outros casos

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Em maio, uma fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) na construção do Trecho Norte do Rodoanel apontava indícios de superfaturamento de R$ 55,6 milhões nos pagamentos feitos pela Dersa. Foi a primeira vez que um órgão de fiscalização apontou “graves indícios de irregularidades” envolvendo as obras do Rodoanel Norte. O Trecho Sul, entregue em 2010, já é alvo da Operação Lava Jato após delações feitas por executivos da Andrade Gutierrez, OAS e Odebrecht.

Em 2016, a Polícia Federal (PF) em São Paulo passou a investigar a suspeita de superfaturamento e fraude à licitação nas obras do Trecho Norte do Rodoanel, contratada pela Dersa. Investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin) apuram se o aumento de ao menos R$ 170 milhões nos custos de terraplenagem da construção foi autorizado pela estatal para beneficiar empreiteiras.

++ Sobrepreço no trecho norte do Rodoanel alcançou R$ 131 mi, diz PF

Após a abertura de inquérito pela Polícia Federal, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também iniciou uma investigação sobre as suspeitas de superfaturamento na construção do trecho para beneficiar empreiteiras. Aa instituição apura a denúncia feita por ex-funcionário da Dersa à PF e ao banco, que emprestou R$ 2 bilhões para o governo Geraldo Alckmin (PSDB) concluir a asa norte do anel viário, avaliada em R$ 6,9 bilhões. 

A construção também é alvo do Ministério Público Federal (MPF), da Corregedoria Geral da Administração do Estado (CGA), que apuram as mesmas denúncias de superfaturamento, e do Ministério Público Estadual (MPE), cujo foco são supostos desvios de até R$ 1,3 bilhão nos processos de desapropriação de áreas. Todas as denúncias estão sob sigilo.

++ TCU calcula desvios de R$ 600 mi no Rodoanel Norte, diz Lava Jato

PCC

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O Ministério Público Estadual (MPE) também investiga a denúncia de que a empresa Dersa teria pago indenizações a criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no programa de reassentamento das obras do Trecho Sul do Rodoanel e do prolongamento da Avenida Jacu-Pêssego, na Grande São Paulo. Ambas foram entregues em 2010, nos governos José Serra e Alberto Goldman (PSDB), ao custo de R$ 7 bilhões.

Histórico

Quando o então governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), lançou o edital do primeiro trecho do Rodoanel, em janeiro de 1998, a previsão era entregar todo o anel viário metropolitano em oito anos ao custo de R$ 9,9 bilhões. Duas décadas depois, a construção dos 177 quilômetros projetados para interligar as rodovias que chegam à capital paulista deve ser concluída pelo valor de R$ 26 bilhões, alta de 163% que tornou a estrada que leva o nome de Covas a mais cara da história do Estado

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