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BB e Caixa recuam e decidem ficar na Febraban mesmo após entidade pedir 'pacificação entre Poderes'

Federação buscou se desvincular de manifesto da Fiesp; bancos públicos e Febraban tentam encerrar crise

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Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Por Murilo Rodrigues Alves
Atualização:

BRASÍLIA - A Caixa e o Banco do Brasil decidiram permanecer na Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), segundo apurou o Estadão/Broadcast. Para o comando das instituições oficiais, a "solução" encontrada pela associação dos bancos agradou as duas partes.

Nesta quinta-feira, 2, a Febraban reafirmou, em nota, o apoio ao manifesto que pede a pacificação entre Poderes. No comunicado, a entidade procurou se desvincular das decisões da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), cujo presidente, Paulo Skaf, optou pelo adiamento do documento. A previsão original era divulgá-lo na última terça-feira. 

Caixa e Banco do Brasil ameaçaramdeixar a Febraban Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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No entanto, a Febraban não divulgou o manifesto. Também não assinará o documento, caso ele ainda seja divulgado pela Fiesp e nem publicará seu próprio manifesto - essa era a principal exigência dos bancos públicos.

Assim, a federação dos bancos deu o assunto por encerrado – e o comando dos bancos públicos também. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que capitaneou a ameaça, ficou menos satisfeito e não participou pessoalmente das negociações ontem. Já o presidente do BB, Fausto Ribeiro, foi para São Paulo para resolver o impasse. 

“Chegamos a um entendimento que é fruto de discussões respeitosas entre as partes e que não inibe a livre expressão de qualquer membro da federação. O comunicado da Febraban, por um lado, reafirmou sua convicção pelo conteúdo pacífico e equilibrado do manifesto e, por outro, acena ao BB e à CEF quando registra a desvinculação do movimento liderado pela Fiesp, contribuindo para a solução do impasse”, disse Ribeiro, em nota. Para o ele, o episódio poderá contribuir para "reforçar mecanismos internos" na Febraban "que favoreçam o diálogo". A Caixa não se posicionou oficialmente. 

Na nota de ontem, a Febraban manifestou “respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto” e ameaçam deixar a entidade caso ela mantenha o endosso ao documento. Essa parte agradou o comando dos bancos públicos.

A Febraban decidiu reiterar o voto da maioria de seu conselho e manter o apoio ao manifesto, que não cita o presidente Jair Bolsonaro nem faz críticas diretas ao governo federal.

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A entidade das instituições financeiras destaca na nota que a adesão ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes” se deu em “um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no País”.

A publicação do manifesto, prevista para terça-feira, foi suspensa por Skaf – após conversa por telefone com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) – com o argumento de que é necessário mais prazo para que associações decidam pela adesão ou não. O prazo final estabelecido por Skaf seria o fim da tarde desta sexta-feira, mas a expectativa é de que o comunicado seja publicado apenas após o 7 de Setembro, quando estão previstos atos convocados por Bolsonaro e apoiadores.

Para a Febraban, “o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do País, cumprindo sua finalidade”: “(A Febraban) Confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa”, diz o comunicado.

O texto que circulou entre associações empresariais dizia que a harmonia “tem de ser a regra” entre os Poderes e que é “primordial” que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam a Constituição. As entidades da sociedade civil afirmam que “veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre autoridades públicas”, que o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Judiciário e Executivo e que cada um atue com “responsabilidade nos limites de sua competência”.