BRASÍLIA - O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, recebeu o apoio de líderes dos partidos da base aliada durante reunião realizada no Palácio do Planalto nesta terça-feira, 22, enquanto a oposição pediu à Comissão de Ética da Presidência que recomende o afastamento imediato do ministro do cargo. Além dos líderes, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reiterou o discurso em defesa de Geddel ao afirmar que o episódio é um caso "já superado".
Os líderes também assinaram um documento de apoio ao ministro, que será formalmente entregue na tarde desta terça. Segundo relato dos presentes, o ministro se emocionou ao agradecer o apoio. Mais cedo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também defendeu o que chamou de 'vital' permanência de Geddel no governo federal.
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), avisou que o documento a favor do ministro começou a ser elaborado na segunda-feira, 21, e que só deve ser entregue quando todos os líderes chegarem a Brasília. "Vamos entregar o manifesto pessoalmente esta tarde (de terça-feira, 22)", afirmou. A petição contra Geddel da oposição também será protocolada nesta tarde. Diferentemente do Judiciário, a Comissão de Ética não pode determinar o afastamento de Geddel, mas pode fazer uma recomendação ao presidente Michel Temer, além de uma censura pública.
O deputado Jovair Arantes (GO), líder do PTB, abriu a reunião defendendo o ministro, postura endossada pelos demais presentes. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), reconheceu que Geddel errou ao levar o governo federal a um tema "pequeno" e "paroquial", mas justificou que "todos somos falíveis". Para ele, se cometeu uma "falha humana" ao "tratar de um assunto que não caberia", mas destacou que "é preciso passar por cima disso e pensar nos grandes problemas nacionais, ainda mais que o pedido (para interceder na manutenção da obra) não foi aceito".
Pauderney comentou, também, que o comportamento de Geddel "não é adequado". "Mas temos problemas enormes no País para resolver", argumentou. Segundo o parlamentar amazonense, o ministro deu explicações e todos entenderam. Para ele, houve uma "interpretação de forma equivocada" pelo ex-ministro da Cultura Calero. Ele afirmou, ainda, que conversou com o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Neto, sobre o assunto e este lhe assegurou que "não há nenhum problema com o empreendimento".
Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tráfico de influência porpressionar a liberação de um prédio em área histórica de Salvador.
Antes de a reunião ser encerrada, o ministro foi chamado ao gabinete do presidente Temer para conversar sobre uma manifestação de índios que acontece em frente ao Palácio do Planalto.