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Procuradoria aponta pagamento de R$ 225 mil de empresário preso na Lava Jato a braço-direito de Witzel

Lucas Tristão, secretário do Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, é apontado como um dos elos do governador com organização investigada por desvios de recursos da saúde

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Foto do author Pepita Ortega
Por Pepita Ortega , Paulo Roberto Netto , Fausto Macedo/SÃO PAULO e Caio Sartori/RIO
Atualização:

O Ministério Público Federal apontou que o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do Rio Lucas Tristão, braço-direito do governador Wilson Witzel, teria recebido R$ 225 mil do empresário Mário Peixoto, preso pela Lava Jato Rio. Segundo a procuradoria, o repasse seria um elo entre a organização criminosa investigada por desviar recursos da saúde e o Palácio Guanabara.

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A decisão do ministro Benedito Gonçalves aponta que, ao pedir buscas e apreensões contra Witzel, o MPF apontou a existência de 'relação do secretário Lucas Tristão com a organização criminosa chefiada por Mário Peixoto'. As provas seriam uma ligação interceptada e o recebimento 'de transferências financeiras no montante de R$ 225 mil na conta do escritório de advocacia de Lucas Tristão, oriundo das empresas de Mário Peixoto'.

A gravação mencionada foi obtida pela Operação Favorito, que mirou Peixoto. Nela, o filho do empresário, Vinícius, conversa com a mãe e diz que testou positivo para o novo coronavírus. Ele disse acreditar que foi infectado em almoço ocorrido no mês passado que tinha o 'Lucas secretário' como convidado.

Tristão confirmou o encontro na semana passada, mas rechaçou qualquer tipo de favorecimento ao empresário, que mantém contratos com o governo do Rio desde a gestão Sérgio Cabral.

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"Fui advogado do Mário Peixoto, mas não advogo para mais ninguém desde 01 de janeiro de 2019. Agora advogo em favor do interesse social da política e economia do Rio", disse. "O vínculo profissional virou de amizade, mas nunca tratei a coisa pública com improbidade. A minha idoneidade nunca foi posta em dúvida. Não sou investigado nem suspeito."

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Lucas Tristão. Foto: Philippe Lima / Governo do Rio

A Operação Placebo mirou indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública no Rio de Janeiro por causa do novo coronavírus. A Polícia Federal aponta a existência de um 'esquema de corrupção' envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da gestão da Saúde no governo estadual.

Segundo a Procuradoria, provas coletadas na investigação sobre desvios de recursos destinados ao combate da pandemia do novo coronavírus no Rio apontam que foi criada uma estrutura hierárquica no Poder Executivo do Estado, escalonada a partir do governador Wilson Witzel, que propiciou contratações sobre as quais pesam fortes indícios de fraudes.

A primeira-dama, Helena Witzel, também teve equipamentos apreendidos por ter 'vínculo bastante estreito e suspeito' com a empresa DPAD Serviços Diagnósticos Limitada, de Alessandro de Araújo Duarte, apontado na investigação como suposto operador do empresário Mário Peixoto. Documentos que apontariam pagamentos à esposa do governador do Rio foram encontrados pela Polícia Federal em mensagens datadas de 14 de abril no e-mail do empresário.

Witzel e a esposa negam as acusações. O governador afirmou que a investigação se trata de perseguição política a partir de interferência do presidente Jair Bolsonaro, a quem apoiou nas eleições e hoje é desafeto, na Polícia Federal do Rio. A defesa de Helena Witzel afirmou que os pagamentos se tratam de serviços efetivamente prestados e declarados.

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COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, DE LUCAS TRISTÃOA quantia mencionada foi recebida em 2018 por serviços prestados pelo escritório de Lucas Tristão. Lucas Tristão não exerce a advocacia desde 1/1/2019, quando se afastou das atividades profissionais ao ser nomeado Secretário de Estado.

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