O empresário Paulo Marinho ironizou a aparição do presidente Jair Bolsonaro na porta do Palácio do Alvorada e disse que ficou 'feliz' ao vê-lo usar um casado presentado por 'esse empresário sem CNPJ'. Bolsonaro respondeu perguntas de jornalistas no início da noite para rebater as declarações ditas por ele e seu primeiro escalão na reunião ministerial do dia 22 de abril - divulgada nesta sexta pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal.
"Capitão, acabo de vê-lo elegante dando entrevista na TV. Fico feliz que está bem agasalhado com um dos casacos que lhe foi presenteado por esse 'empresário sem CNPJ' aqui, quando fui visitá-lo no hospital em companhia do nosso saudoso amigo Gustavo Bebianno. Bom fds!", escreveu Marinho.
Marinho é pivô de outro escândalo que paira ao Planalto após afirmar em entrevista à Folha de S. Paulo que o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, foi avisado da operação Furna da Onça, que levou à produção do relatório do Coaf que detectou movimentações suspeitas do ex-assessor Fabrício Queiroz. Segundo o empresário, um delegado teria repassado a dica para demitir Queiroz e sua filha antes da deflagração da operação - e disse que iria 'adiar' a ação para depois do segundo turno.
Paulo Marinho já foi ouvido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal - ambos apuram se houve vazamento de informações da operação à campanha da família Bolsonaro, nas eleições de 2018.
O caso deve cruzar com o inquérito no Supremo que apura as declarações do ex-ministro Sérgio Moro que acusa o presidente de interferir na PF. Marinho prestará depoimento neste caso na próxima terça, 26, às 9h na Superintendência da corporação no Rio de Janeiro.
O chefe de gabinete de Flávio, Miguel Ângelo Braga Grillo, também foi intimado e prestará informações na quarta, 27, às 15 horas no Edifi?cio Sede da Poli?cia Federal em Brasi?lia.
As oitivas foram solicitadas pelo procurador da República João Paulo Lordelo Guimarães, que integra a equipe designada pelo Procurador-Geral da República Augusto Aras para acompanhar as investigações sobre as acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro ao presidente ao anunciar sua demissão no fim de abril.