O empresário Paulo Marinho prestará depoimento no âmbito do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. A oitiva foi agendada para a próxima terça, 26, às 9h na Superintendência da corporação no Rio de Janeiro. O empresário que acusa o senador Flávio Bolsonaro de ter recebido informações vazadas da operação Furna da Onça já depôs à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, mas no âmbito de investigações sobre o suposto vazamento.
O chefe de gabinete de Flávio, Miguel Ângelo Braga Grillo, também foi intimado e prestará informações na quarta, 27, às 15 horas no Edifi?cio Sede da Poli?cia Federal em Brasi?lia.
As oitivas foram solicitadas pelo procurador da República João Paulo Lordelo Guimarães, que integra a equipe designada pelo Procurador-Geral da República Augusto Aras para acompanhar as investigações sobre as acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro ao presidente ao anunciar sua demissão no fim de abril.
Documento
Ofi?cio PGR 87-2020 - Inq 4831
Em entrevista à Folha de S. Paulo publicada no último domingo, Marinho afirmou que um delegado teria se encontrado na porta da superintendência da PF - a mesma em que foi depor ontem - com interlocutores do então deputado estadual e hoje senador para informar que a operação Furna da Onça seria atrasada, a fim de não prejudicar a família Bolsonaro em meio ao período eleitoral de 2018.
A operação foi às ruas no dia 8 de novembro e cumpriu 19 mandados de prisão temporária, três de prisão preventiva e 47 de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e tendo como foco deputados da Assembleia Legislativa do Rio.
Flávio não era alvo, mas relatórios de inteligência financeira produzidos pelo antigo Coaf já apontavam desde janeiro daquele ano movimentações suspeitas nas contas de Fabrício Queiroz, seu suposto operador financeiro no esquema de "rachadinha". Os relatórios tinham como escopo deputados e assessores da Alerj, e o caso específico de Flávio foi revelado pelo Estadão no início de dezembro, quando o procedimento investigativo já havia sido aberto pelo Ministério Público do Rio.