Imagem de flamingos em canal de Veneza é montagem de artista russa

Peça de arte digital não representa efeito de quarentena em razão do novo coronavírus

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Por Pedro Prata
Atualização:

É montagem a foto de milhares de flamingos nos canais de Veneza, na Itália. A imagem foi compartilhada no Facebook como se o fenômeno tivesse realmente ocorrido e fosse efeito da pandemia de covid-19 sobre a cidade turística. Na verdade, é uma produção artística da russa Kristina Makeeva. O Estadão Verifica decidiu checar este conteúdo após ele viralizar na rede social.

Obra de arte viralizou como se representasse fenômeno que teria realmente ocorrido. Foto: Reprodução

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Uma postagem feita em 2 de maio foi compartilhada mais de 11,5 mil vezes. Ela dizia: "Chegada dos cisnes rosados em Veneza, coisa que não acontecia há muitos anos! A quarentena, sem gôndolas e outras embarcações, ofereceu esse esplendor de suavidade e de beleza, como se a mãe natureza viesse saudar o início de uma nova era, um novo jeito de coexistir."

O mecanismo de busca reversa do Google identificou a imagem em checagens de agências internacionais como a portuguesa seu Instagram. A rede social tem vídeos de uma aglomeração dos pássaros em um lago do Quênia, para onde a artista viajou recentemente.

"Arte 2020: quando as pessoas ficam em casa, a cidade se enche com outros habitantes", diz a legenda da publicação de 24 de abril. Em resposta a um seguidor, ela afirmou se tratar de uma montagem com fotografias.

A artista disse a uma seguidora que a imagem era uma edição de fotografias. Foto: Instagram/@hobopeeba/Reprodução

Com a quarentena imposta, muitas cidades registraram animais passeando livres por áreas antes cheias de movimento humano. O impacto da pandemia na natureza, porém, acabou gerando desinformação e publicações desencontradas nas redes sociais. Um vídeo compartilhado no Facebook mostrava a praia de Botafogo com águas cristalinas; a legenda do post assumia que isso seria consequência do isolamento social, mas na verdade se tratava da conjunção de fenômenos naturais, como a mudança das marés.

Este boato também foi checado por Boatos.org, Agência Lupa e Fato ou Fake.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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