Primos de Lula organizam ato em Garanhuns para acompanhar julgamento

Familiares esperam reunir cerca de 10 mil pessoas em ato de apoio a ex-presidente na cidade natal do petista

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Por Gilberto Amendola
Atualização:

Primos de segundo grau do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão organizando uma manifestação em Garanhuns (PE), cidade natal de Lula, para o próximo dia 23 de janeiro, véspera de julgamento no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, da condenação do petista pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além do ato, os parentes discutem a possibilidade da realização de uma vigília até a definição do último voto. “Ainda sou otimista. Acho que no dia 24 podemos até fazer uma grande festa na cidade pela sua absolvição”, disse um dos primos e organizadores do ato, José Moura de Melo, de 64 anos.

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José Moura de Melo e Lula Foto: Arquivo pessoal de José Moura de Melo

Outro organizador da manifestação é o também primo de segundo grau do ex-presidente Lula, o Eraldo Ferreira dos Santos, o Eraldo do PT, de 61 anos. Segundo ele, a expectativa é de reunir cerca de 10 mil pessoas no centro da cidade. “Durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff nós reunimos cerca de 5 mil. Agora, em se tratando de Lula, nós acreditamos em uma participação muito maior. Podemos ter o dobro”, disse. Os detalhes da manifestação ainda estão sendo definidos. O que se sabe até agora é que ele terá a participação das centrais sindicais. A assessoria de imprensa da prefeitura de Garanhuns, cujo o prefeito é Izaías Régis (PDT), afirmou que a “municipalidade não irá se envolver no ato”.

José Moura de Melo com seu primo:Lula Foto: Arquivo pessoal de José Moura de Melo

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Segundo Moura de Melo, o sentimento na cidade é de indignação “por não existir justiça no País”: “Não se fala em outra coisa pela cidade. Quando as pessoas se juntam é para discutir o caso do Lula. Eu mesmo sou abordado por muita gente que até sugere que a gente devia se juntar e pagar o valor do tal apartamento Guarujá”, conta. Já para Ferreira, a população de Garanhuns e região está estarrecida. “O que está prestes a acontecer é um crime. Nós esperamos um lampejo de lucidez dos juízes”, comenta.

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Lula entre os primosEraldo Ferreira dos Santos (esq.) e José Moura de Melo Foto: Arquivo pessoal de José Moura de Melo

Apesar de responsáveis pela mobilização, Moura de Melo e Eraldo irão se separar no dia do julgamento. Moura de Melo tem viagem marcada para Porto Alegre – onde irá acompanhar “o mais perto possível” o desfecho do julgamento do primo. Já Eraldo permanecerá em Garanhuns. “Lá (em Porto Alegre) eu seria mais um. Aqui em Garanhuns eu posso fazer diferença e ajudar na organização do ato”, disse.

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O ex-presidente Lula deixou a cidade de Garanhuns com a família quando ainda tinha apenas 7 anos. Ainda assim, não faltam moradores que se dizem amigos próximos ou parentes do ex-presidente. No ano passado, Lula chegou a brincar sobre a possibilidade de pedir asilo em algum país por causa das investigações da Operação Lava Jato: “O único país do mundo para qual pediria asilo seria Garanhuns”. De fato, hoje o sítio onde Lula nasceu fica em Caetés, mas, na época (1945, ano de nascimento do presidente), o local ainda era um distrito de Garanhuns (Caetés se emanciparia em 1963).

Paulista. A Polícia Militar se reuniu, na manhã desta quarta-feira, 17, o Movimento Brasil Livre (MBL), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Revoltados Online, para definir a ocupação da avenida Paulista no dia do julgamento. A Segundo Douglas Izzo, presidente da CUT, não houve acordo entre as partes. O movimento pró-Lula irá se reunir amanhã para definir se manifestação será mantida na avenida. O MBL e o Revoltados Online foram os primeiros a comunicar ao comando da PM sobre a organização de uma manifestação na avenida. Por isso, a princípio, a preferência seria do grupo. Mas, com um evento já divulgado nas redes sociais, a CUT também definiu que o ato a favor de Lula também será na Paulista. O impasse está colocado. O maior receio da polícia é a possibilidade de confronto entre os dois lados.

Até às 14h30, a reportagem ainda tentava contato com a Polícia Militar e representantes do MBL.

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Reforço. Por e-mail, enviado na tarde de terça-feira, 16, a assessoria da Polícia Militar adiantou que “o planejamento destas operações de policiamento está em andamento e conta com a colaboração de outros órgãos de forma conjunta, tais como: CET, SPTrans, GCM, Prefeituras Regionais, entre outros, de relevância na organização desses eventos, tais como sindicatos e outros grupos que pretendem manifestar-se no dia”.

Além disso, o comunicado da PM afirma: “Será empregado um policiamento reforçado nos pontos considerados sensíveis como: Av. Paulista, Praça da Sé, Praça da República e saídas de estação do metrô e Terminais de Ônibus”. A corporação também contará com um número maior de viaturas no patrulhamento em todas as suas modalidades de policiamento: viaturas de Radiopatrulha 190, Rondas com Motocicletas, Policiamento com Bicicletas, Policiamento a Pé, além do emprego dos Pelotões de Ações Especiais de Polícia (policiais com treinamento para distúrbios civis) e equipes de Força Tática.

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