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Petistas vão cobrar a federalização das investigações sobre ataque à caravana de Lula

Deputados federais culpam parlamentares da base de sustentação do governo por incitar a violência política; Grupo de elite da Polícia vai apurar tiros contra do ônibus da caravana do ex-presidente

Por Daiene Cardoso
Atualização:
Marcas de bala em um dos ônibus da caravana do ex-presidente Lula em Laranjeiras do Sul, no Paraná Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

BRASÍLIA - Deputados da bancada petista na Câmara culparam nesta quarta-feira parlamentares da base de sustentação do governo Michel Temer por incitar a violência política contra adversários. Segundo os petistas, o partido está coletando vídeos, comentários em redes sociais e áudios onde os parlamentares e seus simpatizantes estariam estimulando "grupos fascistas" e "milícias" a agirem contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Procurada, a Procuradoria-Geral da República, órgão responsável por requerer a federalização das investigações à Justiça, informou não haver qualquer previsão de que isso ocorra. Por meio da assessoria, a PGR disse que não se pronunciaria sobre os tiros contra a caravana de Lula.

Por ora, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que deslocou para Laranjeiras do Sul duas equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), grupo de elite da Polícia Civil do Estado, para reforçar as investigações sobre os tiros disparados contra veículos da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O delegado de Polícia Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda, que não está mais à frente da investigação, disse por meio de nota que o caso deve ser tratado como tentativa de homicídio. "Não há precipitação alguma em concluir o óbvio, que se há disparo de arma de fogo em direção a diversas pessoas em um ônibus, isso será considerado, em um primeiro momento, tentativa de homicídio."

+ Grupo de elite da Polícia vai apurar tiros contra caravana de Lula Na entrevista nesta manhã na Câmara, os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Marco Maia (PT-RS) e Celso Pansera (PT-RJ) disseram que estão levantando provas contra "vários deputados" da base governista, entre eles Jerônimo Goergen (PP-RS), Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Militantes também estão sendo identificados e serão denunciados à Polícia Federal. Contra Bolsonaro, dizem os petistas, há um vídeo do parlamentar no Espírito Santo onde ele teria incentivado ações violentas contra adversários. Eles também contam que apoiadores de Bolsonaro, identificados por camisetas e faixas, estariam acompanhando a caravana na região sul do País. "Há uma incitação à violência de forma cabal", disse Marco Maia. Os deputados cobraram que o atentado contra a caravana seja investigado por forças federais e pela Procuradoria Geral da República (PGR) por entenderem que há uma escalada de violência contra setores políticos motivada pela polarização do cenário. "Se não fizerem isso, teremos outras mortes", alertou Maia, se referindo ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Os petistas afirmaram que há um clima de deteriorização da democracia e disseram que o País passa por uma fase de "mexicanização".

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Os petistas destacaram que não vão aceitar a naturalização do atentado e criticaram os primeiros comentários do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do prefeito de São Paulo, João Dória, e do presidente Michel Temer. "Não é o caso de assistir da poltrona e minimizar", comentou Paulo Teixeira. Os deputados também chamaram o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), de "irresponsável" por não oferecer escolta policial aos ônibus.

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Os parlamentares classificaram as declarações iniciais dos adversários políticos de "desastrosas". "Isso estimula esse tipo de comportamento. Não podemos achar que isso é normal ou natural", emendou Teixeira.

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Independentemente dos desdobramentos do episódio e da possibilidade de prisão de Lula, os parlamentares anunciaram que as mobilizações continuarão. "As caravanas vão continuar, não podemos aceitar essa pressão criminosa", avisou Teixeira.

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