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Ciro Gomes: 'Brasil não cabe no debate entre coxinhas e mortadelas'

Presidenciável do PDT alertou para a necessidade de uma reforma que 'saneie' as contas públicas e 'desinterdite o Brasil'

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Por Roberta Pennafort e Renata Batista
Atualização:

NITERÓI - O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse na terça-feira, 8, que o Brasil precisa ser “desinterditado” para voltar a crescer e se desenvolver. Ele afirmou que o País “não cabe” no debate que opõe “coxinhas” e “mortadelas”. Com outros dez presidenciáveis, Ciro participou da 73ª Reunião Geral da Frente Nacional dos Prefeitos, realizada em Niterói, no Grande Rio.

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A uma plateia de prefeitos, o candidato disse que o País está “proibido de crescer” porque é impedido por entraves como o endividamento alto das famílias e de empresas e o déficit fiscal, que trava a “reindustrialização”. Ele criticou a “concentração de renda selvagem” brasileira e disse que não será possível dirimir tudo rapidamente, iniciado o novo governo ano que vem.

A uma plateia de prefeitos, o candidato disse que o País está 'proibido de crescer' porque é impedido por entraves como o endividamento alto das famílias, de empresas e o déficit fiscal Foto: Fabio Motta/Estadão

“O problema é tão grave, tão ameaçador, que é impossível um dono da verdade chegar a Brasília e dizer ‘deixo que eu resolvo’. Todas as soluções serão doídas. É preciso por em discussão sem dogma de fé. O tripé macro econômico virou algo indiscutível no Brasil”, afirmou.

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“Quando Fernando Henrique tomou posse, a carga tributária era de 27% do PIB. A dívida tinha levado 500 anos de história para se arredondar em 38% do PIB. Quando essa prostração neoliberal se impôs ao Brasil, a dívida foi para 78% do PIB, e o Brasil explodiu numa carga tributária que subtrai os municípios dessas receitas”, disse.

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Ele ressaltou as dificuldades que as prefeituras terão com a PEC dos gastos públicos. “Chegamos ao limite de paroxismo. É a menor taxa de investimento da história do Brasil desde 1947 e com essa PEC haverá um garrote vil sobre a essencialidade dos custos das universidades, da saúde. Os repasses da União vão despencar, por uma maluquice que não tem precedente no mundo. É uma incongruência estúpida que vamos ter que desmontar”.

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Ciro também defendeu a superação “do presidencialismo à brasileira”. “O Brasil tem uma tragédia acontecendo, e o lado bom é que o pacto federativo está de tal forma rasgado, que temos condição tranquila de fazer uma grande reforma que saneie as contas e desinterdite o Brasil”, disse. “Nós temos uma engenharia institucional que faz com que o Congresso, no presidencialismo, não tenha responsabilidade com a manutenção dos serviços públicos.”

Alianças

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No final do evento, Ciro disse que ainda é "muito cedo" para falar em aliança com outros partidos. Ciro declarou respeitar a candidatura do ex-presidente Lula e pediu que fosse respeitada a tradição política do PSB, que anunciou a desistência do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, de entrar na disputa.

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“O PT tem candidato e eu respeito isso com minha alma e meu cérebro. Chega de intriga”, disse. Para Ciro, a presença de Barbosa na disputa era boa porque ele representa uma demanda por ética que é de todos os brasileiros. Perguntado se a desistência favorece mais a esquerda ou a direita, o pedetista disse não ser possível saber.

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“Ninguém sabe porque ele não tinha se posicionado ainda. É uma pessoa que passou dois anos em horário nobre (na TV), mas ainda não tinha se posicionado sobre economia, sobre desenvolvimento”, disse. 

A reunião de prefeitos é o primeiro evento com múltiplos candidatos nesta fase de pré-campanha eleitoral. Os presidenciáveis falam separadamente, depois de assistirem a um vídeo onde são mencionadas propostas discutidas pelos prefeitos nos últimos dias.

Além de Ciro, participaram Rodrigo Maia (DEM), Álvaro Dias (PODE), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Afif Domingos (PSD), Manuela D’Ávila (PCdoB), Marina Silva (REDE), Aldo Rebelo (SD), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Paulo Rabello (PSC).

Foram convidados os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas ou que são de partidos com pelo menos cinco parlamentares. O deputado Jair Bolsonaro (PSL) não compareceu e não justificou a ausência, diante do questionamento do Estado. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso, pediu para enviar um representante, mas a FNP não concordou. Então Lula enviou uma carta à entidade.

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