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Escritório do filho do ministro do TCU se notabilizou por atuar na Corte

Conheça o advogado Tiago Leite Oliveira, depois Tiago Cedraz Leite de Oliveira, alvo da Operação Abate II, da Polícia Federal

Por Fabio Fabrini e de Brasília
Atualização:

Tiago Cedraz. Foto: Reprodução

Foi aos 18 anos que Tiago, hoje com 35, passou a ter 'Cedraz' na carteira de identidade. Antes ele era Tiago Leite Oliveira, mas requereu um acréscimo no registro civil para passar a se chamar Tiago Cedraz Leite Oliveira. O primeiro sobrenome do pai, que fez carreira como deputado federal antes de ser nomeado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), iria para a placa do escritório de advocacia que Tiago montou anos depois em Brasília.

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Formado em Direito em 2006, na Universidade de Brasília (UnB), Tiago Cedraz ascendeu rapidamente no mercado de advocacia da capital federal com uma banca que atuava fortemente no TCU, onde o pai, Aroldo Cedraz de Oliveira, tem assento desde 2007.

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Tiago chefia uma equipe de advogados que chegou a ter procurações em mais de uma centena de processos da corte de contas, embora ele próprio não apareça formalmente à frente dos casos. A discrição não o livrou de sucessivas suspeitas de interferência no tribunal.

Na Operação Voucher, que apurou esquema de desvios no Ministério do Turismo em 2011, a Polícia Federal afirmou que o advogado teve acesso privilegiado a informações sobre um processo em curso no TCU. Uma das entidades investigadas por participação no esquema era cliente do escritório.

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Na Lava Jato, o advogado passou a ser investigado em 2015 após o dono da UTC, Ricardo Pessoa, dizer que o contratou para obter dados de difícil acesso na corte e para comprar uma decisão referente à Usina de Angra 3. Ele nega envolvimento em qualquer irregularidade.

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A atuação do escritório suscitou também desconfianças de interferência na gestão do pai, que presidiu o TCU até o ano passado. Em 2015, Aroldo Cedraz nomeou um concunhado do filho para presidir a secretaria responsável pela fiscalização do setor elétrico, o que gerou, nos bastidores, o protesto de ministros e técnicos.

Em paralelo à atuação no TCU, o advogado fez fortuna com seu escritório. Em menos de três anos, conforme revelou o Estado em 2015, ele fechou a compra de imóveis de quase R$ 13 milhões em Brasília.

A PF levantou que, só em 2014, foram R$ 9,3 milhões gastos no setor imobiliário, com obras de arte e tapetes.

Nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil, Tiago chegou a ser dono de um jatinho Cessna, de dez assentos.

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Parte dos bens foi adquirida por meio da Cedraz Administradora de Bens Próprios, criada pelo advogado em sociedade com a mãe, Eliana Leite Oliveira, mulher do ministro do TCU. As aquisições incluem um apartamento de luxo para uso dos pais, citado pela PF como "possível remuneração" ao ministro pela atuação em processos do TCU. Aroldo Cedraz refuta as acusações.

A quem questiona sobre o sucesso do escritório e dos negócios, Tiago costuma responder que a equipe é muito boa.

COM A PALAVRA, TIAGO CEDRAZ

"O advogado Tiago Cedraz reitera sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta ilícita, confia na apuração conduzida pela Força Tarefa da Lava Jato e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários."

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