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Análise: Verdadeiros líderes ou meros chefetes

Bolsonaro parece ter se convencido da gravidade da situação de pandemia, apresentando ideias e ações

Por Rodrigo Augusto Prando
Atualização:

Antes tarde do que nunca. Em entrevista junto aos seus ministros, o presidente Bolsonaro parece ter se convencido da gravidade da situação de pandemia, apresentando ideias e ações. Parece. Há que se aguardar, pois Bolsonaro em inúmeras ocasiões tratou com menoscabo a doença em voga.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva sobre o coronavírus em Brasília Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Na condição de chefe do Poder Executivo continua a preocupar que, mesmo em momento de amainar os ânimos e informar aos cidadãos, ele tenha se mostrado disposto, ainda que retoricamente, a utilizar o metrô lotado em São Paulo ou uma barca no Rio de Janeiro a fim de mostrar que está “ao lado do povo” e afirmou que esse seria “um risco que um chefe de Estado deve correr, tenho muito orgulho disso”.

O presidente da República não pode ser confundido com a pessoa de Jair Bolsonaro, portanto, institucionalmente, o presidente deve se resguardar e coragem não é encarar o transporte público e correr risco, mas coordenar sua equipe ministerial para informar com seriedade e transparência, planejar ações e colocá-las em prática.

Não sabemos, ainda, o impacto que a pandemia nos legará no sistema de saúde, na economia, nas contas públicas, na política e na sociabilidade entre os brasileiros. Bolsonaro tem sido reativo, embora o Ministro da Saúde tenha apontado reconhecida proatividade e competência, gerando, inclusive, incômodo no núcleo duro do bolsonarismo.

Orbita em torno do Planalto um pedido de impeachment protocolado, panelaços contra o governo e convocação de novos movimentos de apoio ao presidente.

Em momentos de crise é que se apresentam os verdadeiros líderes e que se desnudam os meros chefetes. Que o presidente possa liderar superando o que nos separa, politicamente, para reforçar o que nos une, socialmente. Que a política da generosidade e responsabilidade substitua a política da confrontação.

*PROFESSOR DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE E DOUTOR EM SOCIOLOGIA, PELA UNESP.

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