RIO DE JANEIRO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 5, durante evento no Rio de Janeiro, que, caso realmente desista de se lançar candidato à Presidência da República nas eleições 2018, seu partido terá que decidir entre apoiar o candidato que tem maior afinidade com seu programa de governo (Geraldo Alckmin, do PSDB) ou aquele que facilita a composição dos palanques estaduais (Ciro Gomes, do PDT).
“Esse é o desafio: do ponto de vista das ideias, é mais fácil (apoiar) Geraldo Alckmin; do ponto de vista dos palanques estaduais, é muito mais difícil fechar esse quebra-cabeças (com o PSDB). Os diretórios regionais têm mais afinidade com Ciro”, afirmou.
Maia elogiou as propostas de governo de Alckmin e disse que “historicamente” o DEM é aliado do PSDB, e isso deve ser levado em conta. “Na questão das ideias, nossa convergência é com Geraldo”, afirmou. “Mas na questão dos palanques regionais temos uma distância do ex-governador. Como fecha esse quebra-cabeça? Nós estamos discutindo com nossos diretórios regionais, que têm mais afinidade com Ciro”, disse.
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Rodrigo Maia comparou Ciro Gomes ao seu pai, o ex-prefeito e atual vereador do Rio de Janeiro César Maia (DEM). Para o deputado, Ciro faz o oposto do que César fazia enquanto prefeito: “Na área econômica, no meu entendimento, o Ciro faz invertido o que o ex-prefeito César Maia fazia. (César) vocalizava para a direita e governava com a agenda de esquerda, com projetos sociais muito fortes e muito bem avaliados, como o Favela Bairro”, afirmou.
Para Rodrigo, Ciro fala para a esquerda, mas defende o equilíbrio fiscal, medida que a direita cobra. “O Ciro tem uma agenda, que para mim é a coisa mais importante, que é a agenda do superávit fiscal. Para fazer superávit tem que reduzir o tamanho do Estado, tem que reduzir as despesas públicas e os incentivos fiscais, além de fazer as reformas. Na hora em que ele defende o equilíbrio fiscal, no meu ponto de vista ele está defendendo a reforma do Estado, que a gente também defende. Só que ele vocaliza para a esquerda. Ele vai a um evento da Confederação Nacional da Indústria e com muita competência faz um discurso ‘os empresários estão numa posição e eu estou defendendo o trabalhador’. Inteligente”, elogiou o presidente da Câmara.
“Claro que tem coisas das quais a gente discorda, como a política de intervenção na taxa de juros dos bancos públicos. (A ex-presidente) Dilma (Rousseff) fez isso e a gente já viu que não funciona, mas é uma questão de diálogo. Se a decisão do partido for essa, e muitos diretórios regionais veem como uma boa alternativa, nós vamos”, afirmou.
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Maia afirmou que a crise dos caminhoneiros, no final de maio, impediu que sua candidatura à presidência da República deslanchasse. “Quando explodiu a crise dos caminhoneiros, aliada à crise da Argentina, eu disse publicamente: minha posição como presidente da Câmara precisa prevalecer. Precisei priorizar a pauta da Câmara em detrimento da minha pré-candidatura (à Presidência)”, afirmou. Mas ele ainda não bateu o martelo, e classificou a desistência como “uma hipótese”.
Questionado se almeja ser reconduzido à presidência da Câmara, Maia disse que ainda não é hora de pensar nisso: “Se eu não for candidato à Presidência, serei (candidato) a deputado. A presidência da Câmara é uma conjuntura que só depois da eleição a gente vai discutir. Primeiro tem que ganhar a eleição e ver qual será a nova configuração da Câmara, para saber se tem chance ou não”.
Intervenção
Para o presidente da Câmara, a intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio deve terminar ao fim deste ano, mas a política de segurança implementada pelo interventor deve ser mantida. Por isso, Maia defende que o próximo governador convide o interventor, general Walter Braga Netto, para ser secretário estadual de Segurança.
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“O planejamento (da intervenção) começou atrasado, porque nem o general sabia que haveria intervenção, então pegou o bonde no meio do caminho, teve que pular dentro do trem a 200 quilômetros por hora, e na hora em que a coisa vai começar a dar algum resultado troca o secretário, a política de segurança. A pior política é ficar trocando a política de segurança a cada seis meses. É claro que o governador eleito terá toda a legitimidade para tomar a decisão que quiser, mas eu defendo que Braga Netto fique mais pelo menos um ano”, afirmou.