As declarações do ex-ministro Sérgio Moro sobre a tentativa de interferência de Jair Bolsonaro no comando da Polícia Federal turbinaram a ação sobre o impeachment do presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta sexta, 24, os advogados José Rossini Campos e Thiago Santos de Pádua incluíram no processo as acusações feitas pelo ex-ministro durante anúncio de demissão.
O caso é visto com preocupação no Planalto após o relator do processo, ministro Celso de Mello, cobrou manifestação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O objetivo da ação é obrigar o Congresso a avaliar um pedido de afastamento de Bolsonaro. Segundo ministros ouvidos reservadamente pelo Estado, o fato do decano não ter arquivado a ação de imediato dá sinais que o caso deve ter prosseguimento na Corte, com desfecho imprevisível.
Rossini e Pádua alegam que as declarações de Moro sobre a atuação de Bolsonaro contra a autonomia da Polícia Federal para obter informações sigilosas e interferir em investigações lembra o caso Watergate, escândalo político que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon em agosto de 1974.
"É imperioso que este Supremo Tribunal adote medida urgente e eficaz para prevenir atos que seguramente serão tomados por um Presidente que demonstra não possuir controle algum", afirmam os advogados. "O caso do Presidente Jair Bolsonaro, a propósito, é bastante similar, sendo um claro e gravíssimo crime de responsabilidade".
A dupla afirma que a conduta do presidente 'é grave o suficiente para ficar comprovada a reiteração do crime de responsabilidade'.
Segundo os advogados, se Bolsonaro não for 'imediatamente afastado de algumas de suas funções', ele poderá 'causar danos irreversíveis ao sistema constitucional'.