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PGR diz ao Supremo que é contra investigação de Bolsonaro por gabinete paralelo do MEC

Vice-procuradora-geral Lindôra Araújo informou que não vê elementos para abrir nova frente de apuração ou para incluir presidente como investigado em inquérito que atinge ex-ministro Milton Ribeiro, pastores e prefeitos

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Por Rayssa Motta
Atualização:

PGR deverá dizer, em até 15 dias, se também vai investigar Bolsonaro no inquérito sobre o gabinete paralelo de pastores no MEC. Foto: Ministério da Educação

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 19, que é contra a inclusão do presidente Jair Bolsonaro (PL) como investigado no inquérito sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC) revelado pelo Estadão.

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O parecer foi enviado a pedido da ministra Cármen Lúcia, relatora da investigação, que cobrou um posicionamento sobre a situação do presidente após representações da oposição.

Inicialmente, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu para investigar apenas o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, prefeitos e pastores envolvidos no esquema de cobrança de propina para liberação de verbas do MEC.

A nova manifestação é assinada pela vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço-direito de Aras. Ela diz que não há elementos para colocar Bolsonaro no rol de investigados ou para a abertura de uma apuração paralela. Lindôra argumenta que, caso surjam indícios de envolvimento do presidente em eventuais irregularidades, ele poderá ser incluído como alvo do inquérito.

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"Semelhantes elementos não são suficientes para inclusão do representado [Bolsonaro] como investigado pelos eventos em questão, eis que não apontam indícios da sua participação ativa e concreta em ilícitos penais", diz um trecho do documento.

Os pedidos para investigar Bolsonaro ganharam força depois que o jornal Folha de S.Paulo revelou um áudio em que Milton Ribeiro afirma que o MEC atua com o objetivo de beneficiar os 'amigos do pastor Gilmar' e que as portas do ministério teriam sido abertas ao balcão religioso de propinas pelo presidente. De acordo com a PGR, a 'mera citação de autoridade' não é suficiente para a investigação.

De férias em Paris, Aras chegou a ser abordado enquanto caminhava com a família e cobrado a solicitar uma investigação sobre a participação do presidente no escândalo que atinge o Ministério da Educação.

O ex-ministro Milton Ribeiro já foi ouvido pela Polícia Federal e, no depoimento, buscou blindar o presidente. Ele confirmou que houve um pedido do Planalto para receber os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados por prefeitos de cobrarem propina para intermediar o acesso ao MEC, mas minimizou o interesse de Bolsonaro na reunião. O ex-ministro disse que não recebeu qualquer demanda ou questionamento do presidente a respeito do assunto tratado no encontro ou sobre eventuais pedidos dos pastores.

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