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Procuradoria não descarta ação de organização criminosa na tragédia de Suzano

Procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, escalou grupo de atuação ao crime organizado para investigar comunicação dos autores com outras pessoas na internet e participação em fóruns virtuais

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

G.T.M. postou em sua página no Facebook 30 fotos com máscara de caveira - semelhante à encontrada na escola - e arma. Foto: Reprodução/Facebook

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, afirmou nesta quinta, 14, que o Ministério Público não descarta a possibilidade da atuação de uma organização criminosa na tragédia de Suzano, na Grande São Paulo. No mesmo dia do ataque, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi escalado para atuar nas investigações.

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"Iremos fazer uma investigação ampla em todas as linhas para saber como eles tiveram acesso às armas, se há um grupo que atua com eles, se há uma rede de comunicação entre eles, as motivações e a forma do crime", afirmou Smanio. "Não descartamos nada. Se tiver outras pessoas envolvidas, vamos alcançar essas pessoas"

Segundo o procurador-geral, o Ministério Público vai atuar com o núcleo de investigações cibernéticas do Gaeco para averiguar os contatos mantidos pela internet de Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e o adolescente G. T. M., de 17. Os dois foram os autores do ataque que deixou oito vítimas na Escola Estadual Raul Brasil na manhã de quarta, 13.

Fachada da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

Os rapazes faziam parte de fóruns na internet ligados a videogames de violência. Logo após o ataque, surgiram indícios da participação dos autores em um fórum virtual conhecido como Dogolachan, um grupo de ódio na deep web - espaço da internet inacessível por navegadores comuns e com menos regulação.

O fórum já foi alvo de uma operação da Polícia Federal que resultou na prisão de Marcelo Valle Silveira Mello, apontado como um dos líderes do site. Ele já havia sido preso em 2012 e voltou à cadeira em maio do ano passado na Operação Bravata e condenado em dezembro pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, pelos crimes de associação criminosa, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes e terrorismo.

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Nesta quinta, equipes realizaram diligências nas residências dos autores e em uma lan house onde os jovens costumavam se encontrar. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, foram apreendidos computadores, tablets e anotações feitas pela dupla.

"Vamos investigar os computadores, os indícios nas residências deles, os locais que frequentavam e os vínculos com outras pessoas", afirmou Smanio. "Queremos chegar ao quadro mais amplo possível"

As investigações também seguem na linha para descobrir como os jovens tiveram acesso ao armamento utilizado no crime, em especial o revólver .38 com numeração raspada. O promotor Rafael Ribeiro do Val foi nomeado para atuar no caso.

Os trabalhos estão sendo conduzidos pela Delegacia de Polícia com apoio da Central de Suzano Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da Seccional de Mogi das Cruzes. De acordo com a SSP, 200 policiais militares, civis e técnico-científicos participaram da ocorrência. Ao todo, 16 testemunhas já foram ouvidas e poderão ser convocadas novamente para prestar novos depoimentos.

Luiz Henrique de Castro e G. T. M. deixaram oito mortos na Escola Estadual Raul Brasil antes de cometerem suicídio. Entre as vítimas estão a coordenadora pedagógica da escola, uma funcionária, cinco alunos e um funcionário de um loja de carros, onde os autores estiveram antes de cometer o crime. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, sete vítimas continuam internadas - o estado delas não foi informado.

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