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Executivo da Odebrecht diz que dono da UTC pediu dinheiro para PMDB

Fábio Gandolfo, alvo de investigação sobre propinas na Eletronuclear, contou à PF que empreiteiro Ricardo Pessoa, em reunião com gigantes da construção, solicitou contribuição para campanhas do partido da base do governo

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Por Redação
Atualização:

Obras de usina Angra 3, alvo da Lava Jato / Foto: Fabio Motta/AE

Por Valmar Hupsel Filho e Julia Affonso

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O engenheiro Fábio Andreani Gandolfo, diretor superintendente da Odebrecht, confirmou à Polícia Federal nesta terça-feira, 28, que o empresário Ricardo Pessoa, dono a UTC Engenharia, solicitou às empresas que fazem parte do consórcio Angramon, vencedor da licitação para a construção da Unsina Nuclear de Angra 3, contribuição para a o financiamento de campanha para o PMDB. O Consórcio Angramon é formado pelas empresas Camargo Correa, UTC Engenharia, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Techin e EBE.

Gandolfo afirma em seu depoimento que argumentou na reunião que sua função na empresa se restringia à parte técnica, e que não fazia parte de sua atribuição "lidar com políticos ou qualquer partido". Segundo Gandolfo, sua posição contra a proposta de Pessoa foi mantida pela Odebrecht.

 

Ricardo Pessoa é apontado como líder do grupo de empresas acusadas formação de cartel para fraudar licitações junto à Petrobrás e Eletronuclear. Segundo Gandolfo, o pedido para que as empresas fizessem doações ao PMDB foi feito durante reunião em agosto de 2014. "Também fora solicitado por Ricardo Ribeiro Pessoa que as empresas fizessem contribuição para o financiamento da campanha eleitoral do PMDB", afirmou em depoimento o engenheiro. Segundo ele, a Odebrecht foi contra a proposta.

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O pedido de Pessoa para que empreiteiras fizessem doações ao PMDB já havia sido citado em delação premiada pelo empreiteiro Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações. No início de 2015, Avancini, revelou a existência de cartel nas contratações e pagamentos relativos às obras da usina Angra 3.

 

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Foi a partir do depoimento dele que a força-tarefa da Lava Jato abriu uma nova frente de investigação, desta vez no setor elétrico. Gandolfo foi um dos conduzidos coercitivamente pela Polícia Federal nesta terça-feira, 28, durante a 16ª fase da Operação Lava Jato.

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Nesta fase, a força tarefa investiga o pagamento de propinas a agentes públicos ligados à Eletronuclear por empreiteiras já investigadas pelas mesma irregularidades em contratos com a Petrobrás. Na operação desta terça, diua pessoas foram presas temporariamente: o presidente da Eletronuclear, almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra.

COM A PALAVRA, O PMDB:

"PMDB nega todas as acusações e jamais autorizou qualquer pessoa a se apresentar como intermediária do partido".

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