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'Esse dinheiro foi entregue ao governador, era muito pesado, deu um trabalho terrível'

Pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, delator da Operação Papiros de Lama, quinta fase da Lama Asfáltica, revelou aos investigadores o suposto repasse de R$ 10 milhões da JBS para a campanha de André Puccinelli (PMDB), em 2012; veja o relato

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

André Puccinelli, à direita. FOTO ALVARO REZENDE /CORREIO DO ESTADO Foto: Estadão

O pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda relatou à Procuradoria-Geral da República o 'trabalho terrível' que teve para transportar 'pesadas' caixas que, somadas, chegavam aos R$ 10 milhões em suposto caixa dois da JBS para a campanha do ex-governador do Mato Grosso André Puccinelli (PMDB), em 2012.

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"Esse dinheiro foi pego, eu peguei de avião, entreguei os diários de bordo. Esperei completar os R$ 10 milhões e trouxe. Esse dinheiro foi entregue pelo governador, era muito pesado, deu um trabalho terrível. entreguei no apartamento", relatou.

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O delator ainda diz ter feito piada com os valores ao peemedebista em caixas de isopor. "Ainda brinquei e falei para ele que era peixe".

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A delação de Ivanildo Miranda foi o ponto de partida para a prisão do ex-governador na Operação Papiros de Lama, quinta etapa da Lama Asfáltica, deflagrada no dia 14 pela Polícia Federal - ele foi solto pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região menos de 24 horas depois. Ivanildo é apontado como operador de propinas e foi citado também na delação de executivos da JBS.

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Ivanildo confessou que buscava valores mensais nos frigoríficos Bertin, JBS, Independência e Marfrig, que chegavam aos R$ 2 milhões por Puccinelli e que recebia uma comissão de R$ 250 mil sobre as propinas.

Em uma casa na cidade de Barueri, com duas mulheres que o esperavam a mando dos executivos da JBS, Invanildo afirmou ter pego R$ 2 milhões de uma só vez.

"Chegando lá, eu encontrei duas senhoras, eles me deram o nome, mas com certeza era só fictício. Tinha só mãe e filha. ela pegou, essa casa estava em obra, e me entregou 2 milhões em um caixa de isopor. peguei esse isopor e fui embora para o hotel".

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Puccinelli é investigado por desvios que chegaram aos R$ 235 milhões em contratos públicos do Mato Grosso do Sul e um esquema de propinas que teriam rendido a ele R$ 20 milhões no âmbito da Lama Asfáltica.

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O advogado de Pucinelli, Renê Siufi, afirmou que Puccinelli já foi ouvido três vezes na Polícia Federal sobre os fatos atribuídos a ele na Operação Lama Asfáltica. "Ele (Puccinelli) já falou sobre 90%, os outros 10% são referentes à delação (de Ivanildo Miranda) que é totalmente inconsistente."

O advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, ao recorrer pela soltura de Puccinelli, concedida nesta quarta-feira, 15, que a Procuradoria já havia requerido anteriormente, em maio, a prisão de Puccinelli, medida rejeitada pela Justiça. Agora, no âmbito da Operação Papiros de Lama, a Procuradoria insistiu no pedido de prisão do peemedebista, que acabou sendo decretada.

"Os inquéritos (policiais) estão sendo conduzidos normalmente já há algum tempo, ele (Puccinelli) não criou nenhum embaraço, nem ele nem o filho. Além disso, não há sequer denúncia criminal contra o ex-governador e seu filho", pondera Mariz de Oliveira.

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