Pepita Ortega
27 de setembro de 2019 | 11h26
Rodrigo Janot deixou o comando do Ministério Público Federal em 17 de setembro. FOTO: Adriano Machado/ REUTERS
A declaração do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que disse ter ido armado para uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017, com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes, causou reação de deputados e senadores. Em um evento no Rio, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) desabafou: “Hoje descobrimos que o procurador-geral queria matar ministro do Supremo. Quem vai querer investir num país desse?”. O assunto também ocupa, na manhã sexta sexta, 27, a lista dos tópicos mais comentados no Twitter.
Nas redes, parlamentares falam de Janot e Gilmar, desde uma manifestação de solidariedade até anotações de que a fala do ex-procurador teria sido ‘irresponsável’.
“Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar”, afirmou o ex-PGR em entrevista ao Estado nesta quinta, 26.
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) manifestou solidariedade a Janot e afirmou que Gilmar ‘sempre teve pouco escrúpulo’.
Minha solidariedade ao ex PGR. @gilmarmendes sempre teve pouco escrúpulo. https://t.co/3kBK1h0HRq
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli17) September 27, 2019
Já o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) considerou as declarações do ex-PGR ‘irresponsáveis’ e indicou que a declaração poderia influenciar outras pessoas.
Totalmente irresponsável as declarações do Ex PGR #Janot.
Anunciar que chegou perto de #assassinar um ministro do #STF, só fará com que mentes insanas espalhadas Brasil a fora, comecem a cogitar realmente atitudes desta natureza
Juristas, legalistas, democráticos devem reagir.
— Zeca Dirceu (@zeca_dirceu) September 27, 2019
O senador Humberto Costa (PT-PE) avaliou a ‘confissão’ de Janot ‘absolutamente assustadora’.
Mas é tb a forma mais bem acabada do modo de operação da LJ, da qual Janot é expoente: é o desprezo pela resolução dos conflitos dentro do Estado de Direito, o lawfare aplicado à vida pessoal. Foi uma assunção dos métodos que sempre nortearam essa turma no privado e no público.
— Humberto Costa (@senadorhumberto) September 27, 2019
A deputada Erika Kokay (PT-DF) anotou: “É o império da barbárie”.
Revelação de Janot mostra que fomos levados para um abismo tão profundo, que um Procurador Geral da República, no exercício do cargo, vai ao Supremo Tribunal Federal para resolver na bala uma desavença com um ministro. É o império da barbárie!
— Erika Kokay (@erikakokay) September 27, 2019
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) pediu paz: “Quando o ódio dá lugar aos argumentos diante das divergências, chega a hora de repensar se o extremo é mesmo o melhor caminho a ser seguido. Por mais paz e por mais exemplos de engrandecimentos do ser humano.”
Ministro do Supremo Gilmar Mendes. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
Em resposta à Janot, Gilmar disse que lamentava que uma parte do ‘devido processo legal no País’ tenha ficado ‘refém de quem confessa ter impulsos homicidas’ e que o combate à corrupção no Brasil se tornou refém de fanáticos. O ministro do Supremo recomendou ainda que Janot procure ajuda psiquiátrica.
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