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Cotado para a cadeira de Weintraub, secretário do Paraná defendeu fim do MEC e privatização da Educação em livro

Renato Feder é coautor de 'Carregando o Elefante', obra que pregou modelo em que governo pagaria 'vouchers' às famílias para elas matricularem os filhos em escolas particulares; secretário disse em 2019 que mudou de ideia sobre o tema

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, um dos nomes cotados para assumir o Ministério da Educação (MEC), já defendeu a extinção da pasta e a privatização da rede de ensino no Brasil. As ideias foram publicadas no livro 'Carregando o Elefante - Como transformar o Brasil no país mais rico do mundo', de 2007. Na proposta, o governo pagaria um 'voucher' às famílias para elas colocarem seus filhos em escolas particulares. Modelo semelhante seria adotado no ensino superior.

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Feder é administrador de empresas e mestre em Economia. De acordo com integrantes do Palácio do Planalto, ele iniciou um 'namoro' com o governo para assumir a vaga deixada por Abraham Weintraub - demitido na semana passada. Sua indicação é uma forma do governo se afastar das polêmicas colecionadas por Weintraub, que hoje é investigado no âmbito do inquérito das 'fake news' e se vê no centro de uma controversa viagem às pressas para os Estados Unidos.

A obra de Feder foi escrita em coautoria com o empresário Alexandre Ostrowiecki, da Multilaser, empresa que atuava como CEO até assumir o cargo estadual. Hoje, a obra é renegada pelo secretário, que disse em 2019 ter mudado de ideia sobre as propostas.

"Todas as escolas e universidades públicas devem ser privatizadas e o governo deve financiar a educação fundamental por meio de um sistema de vouchers. Além do valor recebido do Estado, cada escola deveria ter autonomia para determinar o preço que quer cobrar adicionalmente à verba do governo", defenderam os autores. "Ou seja, se determinada escola possui mais candidatos do que vagas, ela pode cobrar um valor adicional para que se estude nela. Usando-se esse valor adicional como regulador, a demanda pela escola em questão será ajustada para a oferta disponível".

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O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder. Foto: Divulgação/Secretaria da Educação do Paraná

Apesar de considerarem que a questão do preço é 'um pouco cruel' por deixar as famílias carentes de fora das melhores escolas, Feder e Ostrowiecki afirmaram que 'isso já ocorre hoje em dia, com o agravante que as escolas de base são hoje de péssima qualidade'.

"Em nenhum momento propõe-se colocar a totalidade dos jovens dentro de ilhas de excelência, até porque isso seria impossível. O foco dessa proposta é elevar a eficiência e qualidade da base da pirâmide educacional, permitindo que todos tenham acesso a escolas de nível pelo menos aceitável", disseram.

O modelo permitiria, eventualmente, a extinção do Ministério da Educação, visto que 'não faria mais sentido' manter a pasta. "Tal papel deverá ser realizado pelas agências reguladoras", explicaram Feder e Ostrowiecki. O livro defende a redução do governo federal para apenas oito ministérios: Casa Civil, Justiça, Cidades, Defesa, Meio Ambiente, Fazenda, Social e Relações Exteriores.

"Em vez de haver, por exemplo, quatro ministérios separados para Defesa, Exército, Marinha e Aeronáutica, basta um único ministro da defesa para realizar o trabalho com muito mais eficiência", disseram.

Em outro trecho, os autores defendem a legalização de 'todas as drogas hoje proibidas, desde que sejam consumidas em locais pré-determinados e seja proibido fazer propaganda'.

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COM A PALAVRA, O SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ RENATO FEDER A reportagem entrou em contato, por e-mail, com a Secretaria do Estado do Paraná para pedir uma manifestação do secretário sobre a obra e aguarda resposta.

Em manifestação ao jornal Gazeta do Povo em 2019, que noticiou o caso quando o secretário assumiu o cargo estadual, Feder disse que não defende mais o modelo proposto no livro, afirmando ter 'mudado de opinião' após estudar com profundidade o tema da Educação e 'ter constado que as evidências empíricas, especialmente as do modelo chileno e americano, não revelam haver vantagens para o aprendizado na adoção desse formato'.

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