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Coronel deputado abandonou grupos de WhatsApp um dia antes de ser preso no Rio

Parlamentar Coronel Jairo (MDB), alvo da Operação Furna da Onça, é suspeito de receber ‘mensalinho’ de R$ 50 mil, além de ajuda financeira para campanha

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Por Julia Affonso
Atualização:

 Foto: Barry Huang/Reuters

A Operação Furna da Onça aponta que o deputado estadual Coronel Jairo (MDB), preso desde o dia 8, e sua filha deixaram grupos de WhatsApp um dia antes do cumprimento dos mandados expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), incluindo a prisão do próprio parlamentar. Os investigadores afirmam que durante a busca e apreensão na casa do deputado, a Polícia Federal encontrou 'apenas um único computador com todos os arquivos e histórico de navegação apagados'.

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DECISÃO

A Furna da Onça mira um esquema de corrupçãolavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual que teria movimentado R$ 54,5 milhões. Os parlamentares investigados votariam de acordo com os interesses do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), na Alerj, e, em troca, receberiam "mensalinhos", que podiam chegar a R$ 900 mil, e o direito de nomear apadrinhados para cargos em órgãos como o Detran-RJ e a Fundação da Infância e a Adolescência (FIA), e em empresas terceirizadas.

Coronel Jairo e outros deputados tiveram a custódia temporária convertida em preventiva pelo desembargador Abel Gomes na segunda-feira, 12. O Ministério Público Federal da 2.ª Região afirma que o Coronel Jairo 'recebia o montante mensal de R$ 50 mil, além de ajuda financeira para campanha eleitoral'.

Ao converter a prisão do deputado, o desembargador Abel Gomes afirmou que 'a Operação Furna da Onça de fato teve vazamento benéfico evidente em relação a alguns dos acusados, o que não pode passar despercebido'.

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"Num contexto em que, a princípio se imputa aos parlamentares estaduais uma interferência em uma série de órgãos públicos, colhendo-se de uma das planilhas que serviu de base ao prosseguimento das investigações que, até mesmo nas polícias, há interferência na indicação de cargos, e sendo o investigado do qual se trata, oriundo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, é perfeitamente plausível crer, diante das circunstâncias em que deixou sua casa na madrugada anterior à execução dos mandados e apagou dados de suas mídias, que foi um dos beneficiários de algum esquema de "informação ilícita", a respeito das ações policiais que eventualmente pudessem incidir sobre ele", afirmou o magistrado.

O Ministério Público Federal apontou, ainda, com base em relatórios da Receita, que o Coronel Jairo 'apresentou movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados em período convergente com os fatos sob apuração, além de inconsistências em suas declarações de renda e bens'.

A investigação destacou ainda 'expressivas doações em dinheiro efetuadas aos seus filhos entre 2008 e 2016'.

Abel Gomes relatou que os servidores do gabinete do deputado 'apresentaram movimentação financeira suspeita, que superava R$ 10 milhões'.

"Além de haver indicativos fortes de que o deputado estadual Coronel Jairo atua e mantém algum sistema capaz de dificultar a reunião de provas em face da sua pessoa, e no que diz respeito a movimentação de valores a descoberto, indicativo de proveniência ilícita de fonte e sua eventual dissimulação, também prossegue sugerindo fortemente reiteração criminosa", anotou o desembargador.

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COM A PALAVRA, CORONEL JAIRO

A reportagem está tentando contato com a defesa do deputado Coronel Jairo. O espaço está aberto para manifestação.