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Bunker secreto com US$ 180 mil do ex-corregedor da Fazenda de São Paulo abre com controle remoto

Marcus Vinícius Vannucchi foi denunciado no âmbito da Operação Pecúnia Non Olet, pelo crime de lavagem de dinheiro

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Foto do author Luiz Vassallo
Foto do author Fausto Macedo
Por Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:
 

Ao denunciar o ex-corregedor-geral da Secretaria da Fazenda de São Paulo, Marcus Vinícius Vannucchi, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec) detalharam como chegaram ao bunker secreto dos US$ 180 mil na casa de sua mulher Olinda Vannucchi, também alvo da acusação.

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Documento

DENÚNCIA

Vannucchi está preso na Operação Pecúnia non Olet, deflagrada no dia 6, pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec) do Ministério Público Estadual, e da Polícia Civil. Inicialmente, os investigadores acharam R$ 19 mil na casa de sua ex-mulher, Olinda, e R$ 2 mil em um imóvel do ex-corregedor.

 

Os dólares e euros foram encontrados em uma segunda busca na residência de Olinda, em Itatiba, na sexta, 7, após uma denúncia anônima revelar a existência do cômodo secreto à Polícia Civil e ao Ministério Público. Foram encontrados US$ 180 mil e 1,3 mil euros dentro de um móvel encontrado no bunker. Naquele dia, Olinda foi presa em flagrante, e a Justiça decretou sua prisão preventiva.

Dinheiro apreendido em uma sala secreta na casa da mulher de Marcus Vinicius Vannuchi. Foto: Reprodução

Os promotores detalham que 'após ampla "varredura" efetuada pelos cômodos da casa, foi apreendida documentação em nome de Marcus Vinicius Vannucchi, de seus familiares, agregados (interpostas pessoas - "testas de ferro" que constam como sócios de empresas), bem como de pessoas jurídicas a ele atreladas'.

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"Questionado acerca de guarda/depósito de valores em espécie, Marcus Vinicius Vannucchi a negou (na busca efetuada no dia 06/06/2019) a existência de cofres em que estariam depositados valores expressivos em espécie", afirmam os promotores. Em depoimento, Vannucchi afirmou que se tratava de uma 'sala do pânico' e disse que, na data de sua prisão, não citou sua existência por sofrer de uma síncope.

 Foto: Estadão

Segundo os promotores, 'Olinda Alves do Amaral Vannucchi também negou ter em depósito vultosas quantias em espécie'. "Na busca, no dia 06/06/2019 foram apreendidos apenas R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) nesse endereço".

O Ministério Público diz que após a primeira busca no local, 'passou a receber mais outras informações para subsidiar a investigação envolvendo Marcus Vinicius Vannucchi - por meio do canal de denúncias deste Grupo Especializado'. "Dentre essas denúncias, insurgiu uma especificamente detalhada, descrevendo e indicando a existência de um Bunker próximo à área de lazer de endereço localizado no Parque Laranjeira, residência de Marcus Vinicius Vannucchi e sua "ex"-esposa (na verdade, esposa de fato), Olinda Alves do Amaral Vannucchi (mesmo endereço em que ele havia sido encontrado no dia anterior)".

 

Os promotores afirmam que o denunciante deu 'coordenadas específicas - oriundas de alguém que deve conhecer muito bem o ambiente residencial'. Ele teria narrado a existência de 'um local denominado "Quarto do Pânico", que teria sido arquitetado por Marcus Vinicius Vannucchi como um local destinado a guardar altos valores de dinheiro em área insuspeita, localizada em local da residência que só poderia ser conhecida por alguém que verdadeiramente conhece a disposição da residência'.

"O mencionado "Quarto do Pânico" (Bunker), inclusive, foi mencionado como quarto concebido desde o "projeto" da casa para tal finalidade - guarda e depósitos de valores ilícitos oriundos das práticas criminosas engendradas por Vannucchi, fato este típico do esquema criminoso complexo que temos investigado", afirmam.

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Após a denúncia anônima, a Justiça acolheu pedido dos promotores por novas buscas e apreensões.

"Ao chegar novamente ao local que já havia sido diligenciado há um dia, Promotores de Justiça, funcionários do Ministério Público, auditores da Receita Federal do Brasil e a Policia Civil após criteriosa diligência efetuada na casa (valendo-se da coordenadas que constavam da denúncia recebida naquela manhã) encontraram uma entrada falsa, situada no interior de um cômodo, criada por meio de aparato eletrônico, acionável por meio de controle remoto", relatam.

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