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Blogueiro detido diz à PF que foi assessor de comunicação do governo Bolsonaro durante transição

Oswaldo Eustáquio não detalhou quem o teria convidado para trabalhar na gestão do governo Bolsonaro, nem quando iniciou seu trabalho com a equipe de transição

Por André Borges/BRASÍLIA
Atualização:

Em depoimento à Polícia Federal prestado nesta quinta-feira, 2, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, disse que "fez parte do governo executivo federal de transição do atual presidente da República até 31 de janeiro de 2019".

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Em suas declarações, Eustáquio afirmou que "atuou na assessoria de comunicação do governo executivo federal de transição". O blogueiro não detalhou quem o teria convidado para trabalhar na gestão do governo Bolsonaro, nem quando iniciou seu trabalho com a equipe de transição.

Questionado pela PF sobre o assunto, Eustáquio disse que "o convite para atuar no governo de transição foi feito por uma coalizão de pessoas que conheciam o currículo" na área jornalismo, na qual atuou.

Na última terça-feira, 30, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por cinco dias a prisão temporária do blogueiro, que é investigado no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos. A continuidade da detenção foi um pedido da Polícia Federal, que quer mais tempo para analisar materiais apreendidos sem correr risco de obstrução nas investigações. Na decisão, Moraes diz que a medida é 'imprescindível' para que os policiais avancem no inquérito e também para resguardar as diligências.

A reportagem questionou a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto sobre as afirmações de Oswaldo Eustáquio, se o profissional chegou a ser remunerado por serviços prestados e se chegou a despachar no Palácio do Planalto. A secretaria limitou-se a informar apenas que "o Planalto não comentará".

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O blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. Foto: Youtube / Reprodução

Eustáquio foi detido em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, na última sexta, 26. Segundo apurou o Estadão, investigadores identificaram risco de que ele pudesse fugir do País. O blogueiro teve o sigilo financeiro e bancário quebrado, também por ordem do ministro Alexandre de Moraes, na investigação que apura a hipótese de monetização de vídeos e publicações feitas em suas redes sociais.

A Polícia Federal vê indícios do envolvimento de Eustáquio na promoção de manifestações, tanto em mídias sociais, quanto fisicamente, em movimentos de rua, para 'impulsionar o extremismo do discurso de polarização e antagonismo, por meios ilegais, a Poderes da República (Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional)'. "Ele se inclui tanto no núcleo produtor de conteúdo, como se relaciona com os operadores de pautas ofensivas ao Estado Democrático de Direito", sustenta a PF.

O blogueiro mantém um site em que defende medidas e propostas caras ao Planalto, suas publicações são replicadas pelos filhos do presidente nas redes sociais. Em uma de suas lives, um ativista insinuou que o deputado federal Jean Wyllys teria tido contato com o esfaqueador do presidente, Adélio Bispo. Perante a Polícia Federal, o homem não sustentou a versão.

Apesar do desmentido, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) compartilharam uma peça de desinformação derivada da live. Os dois foram condenados pela Justiça a excluírem as publicações em ação movida por Jean Wyllys - Oswaldo também foi alvo da medida.

O blogueiro foi detido no mesmo inquérito que levou à prisão a extremista Sara Giromini, solta após dez dias de prisão provisória. Ambos são investigados por integrar núcleo de suposta organização criminosa que visa obter ganhos econômicos e políticos com a divulgação e coordenação de atos antidemocráticos no País. O inquérito sigiloso está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

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