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Alvo de ordem de prisão no Brasil, ex-presidente paraguaio terá extradição solicitada

Horacio Cartes, alvo de mandado expedido nesta terça, 19, pelo juiz Marcelo Bretas no âmbito da Operação Patron

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Por Caio Sartori/Rio
Atualização:

O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes. Foto: Machado Adorno / Reuters

O ex-presidente paraguaio Horacio Cartes, alvo de mandado de prisão expedido nesta terça-feira, 19, pelo juiz Marcelo Bretas no âmbito da Operação Patron, terá pedido de extradição formulado pela Justiça brasileira e encaminhado para as autoridades paraguaias. Só assim ele pode ser preso, já que o Paraguai não é um dos países que prendem, dentro de seu território, com base apenas em alerta de difusão vermelha da Interpol.

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Representantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal explicaram que a cooperação jurídica internacional só está sendo formulada agora porque, dado o poder de Cartes, havia o risco de vazamento de informações sobre a operação. Até agora, solicitou-se a prisão preventiva do atual senador e ex-presidente, além do pedido para que a Interpol o incluísse na lista de difusão vermelha.

O pedido de extradição também será solicitado por Bretas e encaminhado por vias diplomáticas às autoridades paraguaias, que podem autorizar ou negar a medida.

Cartes é um dos alvos da Operação Patron, que tem como foco o 'doleiro dos doleiros', Dario Messer, preso desde julho deste ano. Foram expedidos ao todo, nesta terça, 20 mandados de prisão. A investigação mostrou que Cartes deu 500 mil dólares para bancar despesas advocatícias do doleiro.

Além de Cartes, outra autoridade paraguaia de alto escalão envolvida no esquema investigado - que ocultava o então foragido Dario Messer e seus bens - o chefe do Gabinete Civil da Presidência daquele país, Juan Ernesto Villamayor, que teria recebido 2 milhões de dólares, antes do doleiro ser preso em São Paulo, para assegurar que ele não seria extraditado para o Brasil se fosse detido no Paraguai.

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"Não podemos garantir que vai haver a extradição. Mas, em se tratando de um país que tem um ministro subornado para uma extradição, pode ser um motivo para que a extradição (de Cartes) seja deferida: para mostrar seriedade ao mundo", afirmou o procurador José Augusto Vagos, do MPF no Rio de Janeiro.

Investigação detectou compra de fuzis

Apesar de não cravar uma relação direta entre o tráfico e Dario Messer, os investigadores da PF e do MPF disseram que encontraram, pela primeira vez, provas de que o dinheiro do esquema investigado serviu para comprar fuzis.

A família Mota (o casal Antonio Joaquim da Mota e Cecy Medes Gonçalves da Mota), que tem relação com o tráfico de drogas no Paraguai, teria articulado a compra de dois fuzis G-36, mesmo modelo usado pela PF, por meio de dinheiro ilícito.

Outra presa pela operação de hoje foi a esposa do doleiro, Myra de Oliveira Athayde, apontada pelos investigadores como a principal operadora de Messer. Quando foi preso, em julho, ele estava casa de Myra em São Paulo.

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Numa das mensagens encontradas pela investigação, Myra comentou com Messer que "não conseguia contabilizar mais tanto dinheiro". E finalizou-a com uma risada: "Kkk".

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COM A PALAVRA, O ADVOGADO CARLOS PALÁCIO, QUE DEFENDE O EX-PRESIDENTE PARAGUAIO

O advogado Carlos Palácio, que defende o ex-presidente, disse à imprensa. "Desconhecemos a denúncia que levou a essa decisão do juiz. Cartes sempre respondeu que não teve vínculos comerciais ou societários com (Dario) Messer. (Ele) nega isso de maneira enfática", disse Carlos Palácio. "Cartes e Messer não são sócios em negócios. Cartes está muito tranquilo", completou seu defensor ao ser questionado pela imprensa.

"Vamos coordenar a contratação de profissionais no Brasil para internalizar a questão", disse Palacios, que considerou prematuro falar na possibilidade de uma extradição.

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