O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a Polícia Federal tome o depoimento, no prazo de cinco dias, o empresário Otávio Fakhoury (PTB) para que ele esclareça as circunstâncias de financiamento de uma aeronave particular ao deputado bolsonarista Daniel Silveira para que o parlamentar participasse de atos no 1º de maio, violando medidas impostas pela corte máxima.
A defesa de Fakhoury informou que o empresário não foi intimado da decisão e que apresentará os esclarecimentos necessários.
Como mostrou o Estadão, Silveira ignorou medidas cautelares determinadas pelo Supremo quando discursou nos atos bolsonaristas organizados no Dia do Trabalho, quando apoiadores do governo pediram o impeachment dos ministros da Corte Máxima. O ministro Alexandre de Moraes impôs multa de R$ 405 mil em razões dos descumprimentos.
Além do uso de tornozeleira eletrônica, o deputado bolsonarista - condenado a oito anos e nove meses de prisão por atacar o Supremo, às instituições e a democracia - está proibido de participar em eventos públicos, conceder entrevistas sem autorização judicial e ter contato com outros investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais, que fecharam o cerco contra apoiadores do governo.
Foi no âmbito de uma de tais investigações que Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira, 4, a oitiva de Fakhoury. O despacho foi dado nos autos do inquérito das milícias digitais - apuração sobre suposta organização criminosa, 'de forte atuação digital, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito'.
A investigação foi aberta na esteira do arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos, que tinha entre seus alvos o empresário bolsonarista. As provas colhidas no bojo daquela apuração inclusive foram compartilhadas com os investigadores que miram as milícias digitais.
No âmbito de tal apuração, por exemplo, foram identificadas mensagens trocadas entre Fakhoury e o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) sobre estratégias para destituir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como mostrou o Estadão. Hoje Fakhoury é presidente da sigla em São Paulo.