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Alexandre manda apagar publicações de Lula sobre encontro de Bolsonaro com venezuelanas e proíbe campanha petista de explorar declaração

Presidente do TSE disse que fala de Bolsonaro, que disse que 'pintou um clima' com meninas menores de idade, foi tirada de contexto

Por Rayssa Motta
Atualização:

Alexandre de Moraes assume a presidência do TSE e será responsável por organizar as eleições de outubro. Foto: Carlos Moura/STF

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, proibiu a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de explorar a entrevista em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fala sobre um encontro com adolescentes venezuelanas.

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A restrição vale tanto para publicações nas redes sociais quanto para propagandas no rádio e na TV. A multa é de R$ 100 mil por cada eventual descumprimento.

Moraes também notificou as redes sociais a apagarem postagens sobre o caso em contas ligadas ao petista e a seus apoiadores. O presidente do TSE disse que a declaração de Bolsonaro foi tirada de contexto e que a Constituição não autoriza que "candidatos e seus apoiadores propaguem inverdades que atentem contra a lisura, a normalidade e a legitimidade das eleições".

"Tal contexto evidencia a divulgação de fato sabidamente inverídico e descontextualizado, que não pode ser tolerada por esta Corte, notadamente por se tratar de notícia falsa divulgada durante o 2º turno da eleição presidencial", escreveu.

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A decisão atendeu a um pedido da equipe jurídica de Bolsonaro. Os advogados afirmaram que o episódio foi usado pela campanha petista para "transmitir a falsa e absurda ideia" de que o presidente seria pedófilo.

Bolsonaro disse em entrevista a um canal de YouTube que encontrou com as adolescentes venezuelanas durante um passeio de moto em São Sebastião (DF). O episódio aconteceu em 2020. Segundo o presidente, "pintou um clima" com as meninas e ele pediu para entrar na casa delas.

"Eu parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para que? Ganhar a vida. Você quer isso para a sua filha que está nos ouvindo agora?", disse o presidente.

A campanha petista repercutiu a declaração em inserção na TV. "Você que é mãe, você que é pai, veja só o que Bolsonaro falou sobre meninas de 14 anos", diz o vídeo, que em seguida traz a fala do presidente. "Pintou um clima? Com uma garota de 14 anos? É esse homem que diz defender a família?", emenda a locutora.

A campanha bolsonarista gastou ao menos R$ 145 mil até o fim da manhã de hoje para promover anúncios com os dizeres "Bolsonaro NÃO é pedófilo". Em transmissão ao vivo nesta madrugada, o presidente se defendeu das acusações. Ele disse que mostrou "toda a sua indignação" com a situação das meninas.

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele pediu que o presidente seja intimado a prestar depoimento e responsabilizado se ficar provado que houve omissão. O deputado distrital Leandro Grass (PV), que coordena a campanha petista no Distrito Federal, pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abra uma investigação.

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