*Atualizado às 16h20
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) intime o presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento sobre o encontro com adolescentes venezuelanas durante um passeio de moto em São Sebastião (DF).
O parlamentar sugere que Bolsonaro seja responsabilizado se ficar provado que houve omissão diante da situação das meninas.
Bolsonaro disse em entrevista que "pintou um clima" com as adolescentes e deu a entender que elas estariam se prostituindo. A frase tem sido criticada pela oposição, que o acusa de pedofilia.
"Eu parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para que? Ganhar a vida. Você quer isso para a sua filha que está nos ouvindo agora?", disse o presidente em entrevista ao canal de YouTube Paparazzo Rubro-Negro.
O deputado distrital Leandro Grass (PV), que coordena a campanha no Distrito Federal, levou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR). O deputado afirma que, se havia alguma irregularidade, Bolsonaro devia ter notificado o Conselho Tutelar, o Ministério Público do Distrito Federal ou até órgãos do próprio governo federal, como os Ministérios da Justiça e da Mulher, Família e Direitos Humanos.
"As ações do Presidente da República precisam ser investigadas, para que se verifique o que de fato ocorreu após ter 'pintado um clima', as condições em que se deram a entrada na residência em que estavam as adolescentes venezuelanas, quem administra o local e para que se apure se a sugestão de atividade ilícita, para ganhar a vida, esteja de fato ocorrendo", diz um trecho da representação.
Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo na madrugada deste domingo, 16, para se defender das acusações. Ele disse que o episódio aconteceu em 2020 e que, ainda na época, ele mostrou "toda a sua indignação" com a situação das meninas.
"O PT recorta pedaços como se eu estivesse atrás de programas. Pelo amor de Deus. Fiz uma live para isso, foi demonstrado o que estava acontecendo. Que vergonha é essa? Que falta de respeito é essa? Sempre combati a pedofilia", afirmou.