Apesar de algumas cidades de Minas Gerais, como Nova Lima e Lagoa Santa, terem flexibilizado a quarentena com abertura de lojas e restaurantes, não é verdade que o Estado inteiro tenha adotado o isolamento vertical, nem que todo o comércio mineiro esteja aberto. Essa alegação enganosa foi divulgada em publicação com mais de 23 mil compartilhamentos no Facebook.
Nesta terça-feira, 12, o governador Romeu Zema (Novo) publicou em suas redes sociais que a opção de reabertura de salões, academias e barbearias, proposta pelo governo federal, caberá às prefeituras do Estado. O posicionamento veio após decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que definiu essas atividades como essenciais durante a pandemia.
"A decisão é de cada prefeito, que deverá analisar o cenário da saúde da cidade, como já decidiu o STF. O decreto federal (...) não altera a autonomia de gestão dos municípios", publicou o governador em sua conta no Instagram.
Em Belo Horizonte, o método de manter em isolamento somente as pessoas mais vulneráveis ao novo coronavírus, conhecido como isolamento vertical, não foi adotado. O prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PHS), não pretende liberar os estabelecimentos para funcionamento, mesmo após o decreto do presidente da república.
Entenda como está a situação em Minas Gerais
A publicação que viralizou no Facebook também afirma que foram registradas "pouquíssimas mortes" em Minas Gerais. Segundo dados divulgados nesta terça-feira pela Secretaria de Saúde do Estado, seis mortes foram confirmadas nas últimas 24 horas.
De acordo com informações do boletim epidemiológico, 127 pessoas morreram vítimas da covid-19 e 3.435 testaram positivo para a doença. Em Belo Horizonte, foram registrados 26 mortos pela doença e os casos confirmados aumentaram para 966.
Ainda segundo o boletim epidemiológico, homens com mais de 60 anos são as vítimas mais frequentes da covid-19, com um total de 69 mortos em todo o Estado. Esse também é o grupo que mais testou positivo para a doença, totalizando 1.655 casos, entre 20 e 59 anos.
No início deste mês, uma checagem do Estadão Verifica em parceria com o Comprova desmentiu outro boato sobre Minas Gerais: é falso que a taxa de letalidade da covid-19 no Estado seja "mais de 11 vezes menor que em São Paulo, 10 vezes menor que no Ceará e mais de 31 vezes menor que no Rio de Janeiro".
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.