Mensagem tira de contexto apoio de Alckmin a suposto líder do PCC

Imagens da campanha de 2010 que mostram o tucano e o prefeito de Embu das Artes têm sido citadas como se fossem atuais

PUBLICIDADE

Por Alessandra Monnerat e Caio Sartori
Atualização:

Uma mensagem criada em 2010 voltou a circular de forma enviesada este ano. O Estadão Verifica tem recebido com frequência no WhatsApp (11 99263-7900) imagens que acusam o presidenciável e ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) de dar apoio nesta eleição a um suposto líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). Trata-se do prefeito de Embu das Artes, na Grande São Paulo, Ney Santos.

PUBLICIDADE

O boato -- que chegou em formato de foto e de vídeo -- resgata imagens e informações da campanha de 2010 para deturpar a atual corrida eleitoral. Naquele pleito, o então candidato a deputado estadual era do PSC, partido que compunha a coligação de Alckmin na campanha para o Palácio dos Bandeirantes. Durante a campanha de 2010, Santos chegou a ter a prisão temporária decretada, investigado pelo rápido enriquecimento. Em quatro anos, o então candidato havia acumulado R$ 50 milhões em patrimônio. 

Ney Santos de fato tem acusações de envolvimento com o tráfico de drogas. O prefeito foi acusado pelo Ministério Público em 2016 de associação ao tráfico, de integrar organização criminosa e de lavagem de dinheiro. Santos, então presidente da Câmara dos Vereadores de Embu das Artes, chegou a ser considerado foragido pelos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Eleito prefeito no mesmo ano, ele só assumiu o cargo por causa de uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, concedida em fevereiro de 2017.

Além disso, Santos também entrou na mira da Polícia Federal em maio deste ano, em ação contra fraude e desvio de dinheiro em licitações de merendas com dinheiro público federal em 30 prefeituras.

O histórico do prefeito de Embu é repleto de passagens criminais, como denuncia o próprio Ministério Público. Conforme elencou o portal jurídico 'Jota', Santos foi preso duas vezes -- em 1999, por receptação e formação de quadrilha, e em 2003, por roubo a banco. Foi solto em 2005 por falta de provas.

Mesmo com a soltura, o MP continuou na cola de Ney Santos, reiterando que o dinheiro do político teria sido obtido via tráfico de drogas. Há na denúncia, por exemplo, o relato de que 40 quilos de maconha foram encontrados em um veículo usado pela campanha de Santos em 2010.

Qual é a situação de Ney Santos atualmente?

Publicidade

Declarado inelegível pela Justiça Eleitoral em 2018, Santos não está mais no PSC: passou para o PRB, que faz parte do chamado 'Centrão', bloco parlamentar da Câmara dos Deputados que endossa a candidatura do ex-governador tucano ao Palácio do Planalto.

Apesar disso, é tendencioso afirmar que "Alckmin apoia líder do PCC", como tem sido espalhado no WhatsApp. Ney Santos não concorrerá a nenhum cargo nas próximas eleições -- até porque está inelegível. "Quanto ao post veiculado pelo WhatsApp sobre o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos, afirmamos que as informações não são verdadeiras. O prefeito não concorre a nenhum cargo eletivo nas Eleições 2018", defendeu-se a assessoria do prefeito.

A nota enviada por e-mail não respondeu aos questionamentos sobre o suposto envolvimento dele com o crime organizado.

Já a equipe de Geraldo Alckmin postou no site do presidenciável, em junho deste ano, uma nota dizendo que o tucano não apoia criminosos. "Após a gravação do vídeo em questão (na campanha de 2010), Ney Santos foi alvo de investigações e processos, com os quais Geraldo Alckmin não compactua de nenhuma forma." E que "tentar associar Geraldo Alckmin a pessoas ou denúncias dessa forma é golpe baixo que tem um único intuito: espalhar mentiras e manchar uma trajetória limpa de mais de 40 anos de vida pública."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.