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Máscaras reduzem transmissão da covid-19, ao contrário do que afirma postagem

É falso que o equipamento de proteção bloqueie a troca de gases na respiração

Por Guilherme Bianchini
Atualização:

Máscaras são eficazes para reduzir a transmissão de doenças respiratórias e do novo coronavírus, ao contrário do que afirma uma publicação viral no Instagram. Especialistas e organizações de saúde ao redor do mundo reforçam a necessidade do uso da proteção para conter o avanço da covid-19, com base em evidências científicas.

O autor da postagem reproduz outras afirmações falsas sobre a máscara, como a que o equipamento de proteção causa a "diminuição da inalação de oxigênio e retenção de CO2", boatos sem qualquer evidência científica. A máscara, na verdade, dispõe de pequenos filtros que impedem a passagem de gotículas (transmissoras do vírus) e de partículas maiores.

Postagem engana com afirmações falsas sobre uso de máscara. Foto: Reprodução

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A filtragem, porém, não bloqueia a respiração. Os gases -- oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2) -- têm um tamanho muito menor que as gotículas e conseguem passar pelos poros da máscara, seja ela cirúrgica ou artesanal, explicou o infectologista Jean Gorinchteyn, atual secretário da Saúde do Estado de São Paulo.

No início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia recomendado que pessoas sem sintomas evitassem o uso de máscaras cirúrgicas, por temer a falta de equipamentos de proteção para profissionais de saúde e para sintomáticos. Após realizar estudos que comprovaram a eficácia da máscara artesanal, de tecido, a entidade atualizou as orientações e destacou que o uso da proteção é essencial para todas as pessoas.

De acordo com o Ministério da Saúde, a utilização de máscaras caseiras é efetiva como prevenção contra o novo coronavírus, mas em conjunto a outras medidas: distanciamento social, higienização das mãos, limpeza e desinfecção de ambientes e cumprimento da etiqueta respiratória (proteger o ambiente de secreções respiratórias).

Circulam nas redes sociais vários boatos que diminuem a importância do uso da máscara. Uma publicação enganosa, checada pelo Estadão Verifica, tirou de contexto uma foto de um laboratório chinês de alta segurança. O Projeto Comprova também desmentiu uma série de desinformações sobre o equipamento, como a falsa alegação de que as partículas contaminadas ultrapassam o poro das máscaras.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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