Atualizada às 17h50.
É falso que o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) tenha chamado Manuela D'Ávila de "irrelevante" e "patricinha". A fala foi erroneamente atribuída ao general durante as eleições de 2018 e voltou a viralizar recentemente, atingindo ao menos 20 mil compartilhamentos no Facebook.
A postagem afirma que Hamilton Mourão recusou-se a participar de debates com D'Ávila -- na época, os dois eram candidatos a vice-presidente. A publicação segue dizendo que Mourão teria questionado: "Tem noção do preparo que é exigido para se chegar a general do Exército e agora ter de ficar debatendo com essa patricinha comunista de cabeça vazia?"
A assessoria de comunicação do vice-presidente informou ao Estadão Verifica que Mourão não disse essa frase. Também não há nenhuma menção na imprensa profissional de que ele teria falado isso, o que é um primeiro alerta para conteúdo enganoso. Uma referência direta de um candidato a outro teria sido noticiada.
Em 2018, Mourão participou do debate entre candidatos a vice-presidentes promovido pela revista Veja em 4 de setembro. Na época, o PT ainda defendia a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente e Fernando Haddad como vice. Haddad foi convidado, mas não participou.
Semanas depois, quando o PT desistiu da candidatura de Lula -- impedido à época de concorrer por causa da Lei da Ficha Limpa -- e fechou a chapa com Haddad e Manuela D'Ávila, a candidata participou dos debates promovidos pelo jornal El País, em 28 de setembro, e por UOL, Folha e SBT, em 2 de outubro. Mourão não compareceu a nenhum dos dois.
Procurada, Manuela D'Ávila destacou que foi alvo de ataques machistas durante a última campanha eleitoral, quando concorreu à Prefeitura de Porto Alegre pelo PCdoB. "Um levantamento conjunto entre a Revista AzMina e InternetLab apontou que no segundo turno das últimas eleições, 90% dos ataques analisados eram dirigidos a mim, a maioria mentiras viralizadas na campanha de 2018, como esta em questão", disse.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.