Uma denúncia infundada feita em 2018, sobre uma suposta fraude em urnas eletrônicas, voltou a circular nas redes sociais. Em vídeo publicado no Facebook, dois policiais militares do Distrito Federal dizem ter encontrado urnas com votos registrados antes mesmo do início das eleições. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF apurou o caso e concluiu que a pessoa responsável por enviar os dados de votação ao fim do dia fez uma leitura equivocada de um relatório de funcionamento da urna. Tanto o TRE-DF quanto a Polícia Federal (PF) indicaram não haver comprovação de fraude.
Esse caso já foi apurado pelo Projeto Comprova em 2018. Os policiais que aparecem no vídeo foram acompanhar o depoimento na sede da PF de um homem que disse ter encontrado um suposto mau funcionamento em urnas eletrônicas na região de Guará, parte da 9ª Zona Eleitoral. O denunciante trabalhou como "servidor de transmissão" nas eleições -- um cidadão convocado pela Justiça Eleitoral para trabalhar no dia das eleições, assim como os mesários.
O tribunal regional afirmou que o homem fez uma interpretação errada de um relatório de funcionamento, que é impresso às 12h para indicar o bom desempenho do equipamento de votação. "Ele não tem o conhecimento para dizer o que estava dizendo. Ele não soube interpretar os dados. O policial agiu de maneira irresponsável", disse à época a presidente do TRE-DF, Carmelita Brasil, sobre o caso.
Como mostrou o Comprova, o TRE-DF informou ainda que tanto o boletim de urna quanto a chamada zerésima foram emitidos sem qualquer alteração. O primeiro documento traz, ao final do dia, as informações de total de votos recebidos por cada candidato, partido político, votos brancos, votos nulos, número da seção, identificação da urna e a quantidade de eleitores que votaram. Já a zerésima é um relatório assinado no início da votação pelo presidente da seção, os mesários e os fiscais dos partidos ou coligações - ali se pode encontrar a identificação da máquina e a comprovação de que nela estão registrados todos os candidatos e que não há nenhum voto computado.
No Facebook, o vídeo com os policiais militares voltou a circular como se mostrasse um fato recente. A AFP também checou este conteúdo e apurou que os agentes que aparecem na gravação foram posteriormente condenados pelo crime de perturbação dos trabalhos eleitorais. Eles tiveram que pagar um salário mínimo a uma instituição de caridade.