Checamos o debate do Estadão com candidatos à Prefeitura de São Paulo

Veja os erros e os acertos dos seis candidatos mais bem colocados na pesquisa Ibope

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Por Alessandra Monnerat , , Pedro Prata e Guilherme Bianchini
Atualização:

Os seis candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados na pesquisa eleitoral se reuniram nesta terça-feira, 10, para um debate organizado pelo Estadão, com apoio da Faap e do Twitter. Os convidados, de acordo com desempenho no levantamento do Ibope divulgado nesta segunda-feira, foram: Bruno Covas (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Celso Russomanno (Republicanos), Márcio França (PSB), Jilmar Tatto (PT) e Arthur do Val (Patriota). Abaixo, as declarações checadas pelo Estadão Verifica, em ordem alfabética.

Nossa equipe entrou em contato com as assessorias dos candidatos para obter respostas sobre as checagens. Esta matéria será atualizada à medida que responderem.

Candidatos à Prefeitura de São Paulo durante o debate. Foto: Werther Santana/ Estadão

Guilherme Boulos (PSOL)

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"A (Luiza) Erundina construiu 28 mil casas, no dado mais conservador".

Em dezembro de 1992, o Estadão reportou que a administração de Luiza Erundina tinha construído 33.186 casas ou apartamentos populares ao longo de quatro anos, com mais 16.799 unidades em obras. Erundina é candidata a vice na chapa de Boulos.

Em 2016, a Agência Pública checou uma alegação feita pela ex-prefeita sobre construção de casas populares e consultou o documento São Paulo para Todos - Relatório Final de Governo, de 1992. O texto afirma que a gestão entregou 35.843 moradias populares.

O candidato Guilherme Boulos (PSOL) durante o debate do Estadão. Foto: Werther Santana/ Estadão

"No hospital de São Miguel Paulista, 90% das pessoas que entraram com covid morreram".

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De acordo com uma reportagem da Folha de S. Paulo de agosto, a taxa de mortalidade na UTI para pacientes de covid-19 do Hospital Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, chegou a 90%. De 16 de março até agosto, haviam sido 237 mortes e 23 altas.

Bruno Covas (PSDB)

"Nós criamos 80 mil vagas em creche".

A Prefeitura prevê criar esse número de vagas até 2020, mas ainda não concretizou a promessa. A diferença no número de crianças matriculadas em creches entre dezembro de 2016 e setembro de 2020 é de 73.333, segundo dados da gestão municipal.

Demanda Escolar 2016

Demanda Escolar setembro de 2020

Resposta do candidato: "Esses dados vão ser fechados agora em dezembro. Houve um salto de matrículas em setembro e outubro".

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Bruno Covas (PSDB) participa do debate do Estadão na Faap. Foto: Werther Santana/ Estadão

"Ao longo dos quatro anos, 25 mil habitacionais foram viabilizadas e teremos mais 50 mil unidades viabilizadas para os próximos quatro anos com recursos públicos e PPP".

O relatório de cumprimento de metas da prefeitura informa apenas as unidades construídas entre janeiro de 2019 e setembro de 2020. No período, a Prefeitura de São Paulo entregou 9.334 novas unidades habitacionais, de acordo com relatório de novembro. A gestão Bruno Covas planejava entregar mais 35 empreendimentos até o fim do ano, com mais 5.786 unidades habitacionais. O total, se cumprido, chegará a 15.120 no biênio.

Relatório de cumprimento de metas da prefeitura

Resposta do candidato: "Desde 2017, 25 mil unidades habitacionais foram viabilizadas das quais 13,5 mil, entregues diretamente pelo município. Outras 5,5 mil estão em construção. Houve também 6 mil unidades de Habitação de Interesse Social (HIS) entregues em parceria com a iniciativa privada, em que o município participou por meio de isenção de Outorga onerosa, taxas para licenciamento e ISS de Obra (HIS)".

Márcio França (PSB)

"Grande parte das pessoas que se contaminou, se contaminou no transporte público".

Um inquérito sorológico publicado pela Prefeitura de São Paulo em setembro indicou que não houve diferença significativa entre a prevalência de infecção entre pessoas que usam transporte coletivo (14,1% no dado mais recente) e as que não usam (13,5%). Os índices se referem a estimativas com paulistanos maiores de 18 anos.

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Inquérito sorológico SP

Resposta do candidato: "Existe uma relação direta entre condições socioeconômicas e infecção pelo coronavírus. As pessoas mais carentes, que chegam a passar até três horas, em uma cidade como São Paulo, em ônibus, trens e metrôs lotados foram as pessoas mais vulneráveis ao vírus. Márcio França defende que se não houver medidas por mais segurança nesses espaços -como ventilação adequada para atender à norma de renovação de ar; fiscalização para que haja respeito ao uso de máscaras e às orientações de higiene e cuidados como evitar conversas e telefonemas; viagens mais rápidas, por meio de faixas dedicadas; escalonamento de horários para diluir a demanda; monitoramento do contágio na população e entre os funcionários do transporte coletivo --, o transporte público pode, sim, ser um vetor de propagação do vírus".

O candidato Marcio França (PSB) durante o debate do Estadão na Faap. Foto: Werther Santana/ Estadão

"Quando fui prefeito, fui reeleito com 93% dos votos".

De fato, França foi reeleito prefeito de São Vicente, no litoral paulistano, com 93% dos votos válidos em 2000.

Celso Russomanno (Republicanos)

"Boulos promove invasão a residências, prédios, áreas públicas. [...] Já foi preso, inclusive, por causa disso."

A informação é imprecisa. Boulos foi detido por desobediência civil e incitação à violência, não por invasão, após reintegração de posse em um terreno particular em São Mateus, na zona leste de São Paulo, em 2017. Ele foi liberado no mesmo dia após assinar um termo circunstanciado (medida usada para ocorrências de menor potencial ofensivo).

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Em queda nas pesquisas de intenção de voto, Russomanno apostou em vale-creche, auxílio emergencial e hospital público para pets. Foto: Werther Santana/ Estadão

"Dos 20 CEUs que vocês prometeram (com o ex-prefeito Fernando Haddad), só entregaram um".

De fato, no balanço final do Programa de Metas da Cidade de São Paulo, publicado em dezembro de 2016, a gestão petista disse ter inaugurado apenas um Centro Educaional Unificado (CEU), em Heliópolis, em abril de 2015. A meta era ampliar a rede em 20 unidades. O governo municipal afirmou, na época, que outros seis CEUs já estavam com licitação pronta e obras iniciadas. A Prefeitura afirmou que teve dificuldade em achar áreas apropriadas e recursos para realização das construções.

Balanço 2016

Jilmar Tatto (PT)

"Criei mais de 400km de faixas de ônibus".

De acordo com publicação no Diário Oficial da Cidade de São Paulo em 31 de dezembro de 2016, o número está correto. Segundo o texto, a meta 96, de implantar 150 km de faixas exclusivas de ônibus, foi executada em 282%, ou seja, a Secretaria Municipal de Transportes, na gestão de Jilmar Tatto, implantou 423,3 km de faixas exclusivas destinadas ao transporte coletivo.

Jilmar Tatto (PT) afirmou que vai rever os contratos com as empresas de ônibus, assinado em setembro do ano passado. Foto: Werther Santana/ Estadão

"Eu tenho orgulho de ter feito parte do governo de Fernando Haddad. (...) Um governo que fez 12 CEUs, que cuidou das crianças e adolescentes".

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Como destacamos anteriormente, no balanço final do Programa de Metas da Cidade de São Paulo, a gestão petista disse ter inaugurado apenas um CEU), em Heliópolis, em abril de 2015. O governo municipal considerou que a meta, de ampliar a rede em 20 unidades, tinha andamento de 57% no final de 2016.

Balanço 2016

Arthur do Val (Patriota)

"(O ex-prefeito Fernando) Haddad aumentou ITBI em 33%".

Em dezembro de 2014, quando Fernando Haddad era prefeito de São Paulo, a Câmara aprovou aumento de 50% da alíquota do ITBI, imposto pago quando imóveis são vendidos. A alíquota subiu de 2% para 3%. O aumento, segundo alegou a prefeitura na época, foi feito para compensar a perda de receita esperada com o IPTU a partir de 2015, já que a Câmara de Vereadores baixou os percentuais de aumento do imposto territorial que estavam previstos em projeto da Prefeitura. 

O candidato Arthur do Val (Patriota) participa do debate do Estadão. Foto: Werther Santana/ Estadão

"Quem não deve não teme. Engraçado que o 'Estadão' está sendo processado por não dar a manchete que o MP investigou a vida do Luciano Ayan e de todo mundo do MBL, inclusive abriram as contas, e a novidade é que não se achou nada. Aí não tem manchete gigante de que, mesmo investigando tudo, não acharam nenhuma ilegalidade."

O Departamento Jurídico do Estadão desconhece a existência do processo citado pelo candidato. Artur do Val fez a declaração ao responder a uma pergunta sobre Luciano Ayan, um dos líderes do MBL, que foi preso temporariamente em julho na Operação Juno Moneta, que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal de mais de R$ 400 milhões pela organização. 

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