Checamos o debate com candidatos à Presidência na Globo

Sete candidatos à Presidência da República participaram de debate na Globo na noite desta quinta-feira, 29. Eles declararam dados exagerados para falar do impacto da corrupção, meio ambiente e economia. Nem todas as alegações puderam ser checadas.

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Por Clarissa Pacheco , Pedro Prata , Jorge C. Carrasco , Luciana Marschall e Samuel Lima; Denise Chrispim
Atualização:

 Foto: João Miguel Júnior/Globo

Participaram o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente Lula (PT), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a senadora Simone Tebet (MDB), a senadora Soraya Thronicke (UB) e Padre Kelmon (PTB). Confira a checagem do Estadão Verifica.

 

Jair Bolsonaro

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Antigo Bolsa Família

O que Bolsonaro disse: que quem conseguisse emprego perdia o Bolsa Família.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. De acordo com material divulgado no site do antigo Ministério do Desenvolvimento Social, em 2014, os beneficiários do Bolsa Família que entravam para o mercado formal de trabalho com carteira assinada não perdia necessariamente o direito ao benefício.  O principal critério para permanecer no programa era a renda familiar -- que na época não poderia ultrapassar o valor mensal de R$ 154 por pessoa -- mesmo que parte dela decorresse de um emprego formal.

Lei Rouanet

O que Bolsonaro disse: que alterou o teto de captação de recursos na Lei Rouanet de R$ 10 milhões para R$ 500 mil

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Instrução normativa assinada pelo secretário especial da Cultura na gestão Bolsonaro determinou que o valor máximo a ser captado passa de R$ 10 milhões para R$ 6 milhões. Para o caso de projetos de teatro que não sejam musicais, o teto foi reduzido pela metade, ou seja, de R$ 1 milhão para R$ 500 mil.

Indicações políticas

O que Bolsonaro disse: Não existe no meu governo troca de ministérios com apoio parlamentar.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em abril deste ano, o presidente Bolsonaro (PL) admitiu, em vídeo produzido por ele mesmo, que entregou cargos de seu governo em troca de apoio parlamentar -- mesmo depois de ter chamado a prática de "crime". Segundo apurou o Estadão na época, o chefe do Executivo assumiu em entrevista que deu cargos ao Centrão em troca de apoio político. "Para aprovar qualquer coisa, em especial Emenda Constitucional, passa por eles (parlamentares do Centrão). Agora, nosso relacionamento não é como no passado. Alguns cargos foram dados para partidos de centro, sim, não vou negar isso aí. Agora, nós temos filtros", disse Bolsonaro em entrevista a um podcast.

Em 27 de outubro de 2018, em uma live na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, para criticar o mensalão petista, Bolsonaro, com a Constituição na mão, repetiu que seria crime entregar cargos no governo para partidos políticos.

Orçamento secreto

O que Bolsonaro disse: que não é responsável pelo orçamento secreto porque o vetou e o Congresso derrubou o veto.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O orçamento secreto apareceu pela primeira vez em 2019, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e realmente foi vetado por Bolsonaro. O Congresso Nacional tentou derrubar o veto, mas não conseguiu. No entanto, o próprio presidente trouxe o orçamento secreto de volta, pressionado pelo Centrão. Depois de vetar o dispositivo, ele encaminhou um novo projeto ao Congresso, instituindo o orçamento secreto, que foi aprovado pelos parlamentares. 

100 anos de sigilo

O que Bolsonaro disse: que não decretou sigilo de 100 anos em "questões familiares".

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. De acordo com reportagem do Estadão, entre 2019 e 2022, o governo Bolsonaro impôs sigilo de 100 anos a informações que deveriam ser públicas em ao menos 65 casos. Na lista, há pedidos de informações sobre questões que atingem o presidente e seus familiares. Bolsonaro estabeleceu segredo, por exemplo, sobre visitas feitas à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no Palácio do Alvorada, sobre seu próprio cartão de vacinação e sobre a cópia da ficha funcional de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro acusado de operar esquema de rachadinha.

Vacinação contra a covid-19

O que Bolsonaro disse: que nenhum país do mundo comprou vacina contra a covid-19 em 2020.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Em setembro de 2020, o então governador de São Paulo, João Doria, assinou contrato com o laboratório chinês Sinovac para o recebimento de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, desenvolvida pela empresa em parceria com o Instituto Butantan. Em agosto de 2020, o Reino Unido garantiu 340 milhões de doses de vacina contra a covid-19 por meio de convênios. Até 31 de dezembro daquele ano, cerca de 50 países já tinham começado a vacinação. O primeiro foi a Rússia, que começou a vacinar a população com a vacina Sputnik no dia 5. No dia 8 de dezembro, o Reino Unido se tornou o primeiro país do Ocidente a começar a vacinar a população em massa.

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Endividamento da Petrobras

O que Bolsonaro disse: A Petrobras teve endividamento de R$ 900 bilhões por causa de corrupção.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A Petrobras não sofreu perdas de R$ 900 bilhões com corrupção nos governos do PT. A Polícia Federal estimou, em novembro de 2015, perdas de R$ 42,8 bilhões com irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato. Já a Petrobras, oficialmente, divulgou rombo de R$ 6,2 bilhões em seu balanço financeiro na mesma época. Conforme a empresa, até o final de 2021 houve a devolução de R$ 6,17 bilhões em decorrência de acordos de colaboração, leniência, repatriações e renúncias.

A dívida bruta da Petrobras chegou a cerca de US$ 160 bilhões em 2014, segundo informações da empresa, considerando também os afretamentos, que passaram a ser considerados como dívida a partir de 2019. O número representa R$ 864 bilhões pela cotação atual do dólar. Bolsonaro relaciona esse endividamento a problemas de gestão, mas parte dele decorre, por exemplo, da captação de recursos para financiar a exploração das áreas do pré-sal. Reportagem especial do UOL aponta que ao menos outros cinco fatores contribuíram para o aumento do endividamento da Petrobras: políticas de represamento do preço de combustíveis, subsídios ao gás de cozinha, aumento dos gastos com importações, queda do preço do petróleo no mercado internacional e efetivamente as perdas com corrupção.

Vídeo do ex-presidente Lula

O que Bolsonaro disse: que Lula defende que se roube celular para "tomar uma cervejinha".

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Uma entrevista transmitida ao vivo na página oficial de Lula no Facebook em 2017 a uma rádio universitária de Pernambuco teve trechos editados para parecer que Lula tinha defendido o roubo de celulares "para tomar uma cervejinha", como mostrou o Estadão Verifica. Dois momentos distintos da entrevista foram utilizados para enganar. Primeiro, Lula responde a uma pergunta sobre as causas da violência. Ele atribui a incidência de homicídios em Pernambuco ao nível de pobreza: "É uma coisa que está intimamente ligada. Ou seja, o cidadão teve acesso a um bem material, a uma casinha, a um emprego, e de repente o cara perde tudo. Então, vira uma indústria de roubar celular. Para que ele rouba celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho. Eu penso que essa violência que está em Pernambuco é causada pela desesperança", disse.

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Mais tarde, o ex-presidente comenta sobre o ódio na sociedade, usando como exemplo alguns clubes de futebol locais: "É preciso distensionar para a sociedade perceber que a torcida do Santa Cruz e do Sport não são inimigas. São adversárias durante o jogo, depois vão para o bar tomar cerveja juntos. E ainda deixam o pessoal do Náutico batendo palma do lado." 

Em nenhum momento da gravação, o petista defende "tomar cerveja" com uma pessoa que cometeu um crime, nem que esse seria o objetivo de alguém que roubou um aparelho celular.

Preservação ambiental

O que Bolsonaro disse: que o Brasil tem dois terços das florestas preservadas,  igual a quando Pedro Álvares Cabral estava aqui.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O Brasil tem 66% de seu território coberto por vegetação nativa,

mas isso não significa que ela seja conservada, tampouco que esteja intacta desde que Cabral esteve aqui. Estudos mostram que pelo menos 8,2% dessa vegetação é secundária, ou seja, já foi desmatada anteriormente. O Observatório do Clima destaca que">">11% dessa área de 66% já foi queimada e 9% foi desmatada pelo menos uma vez nos últimos 36 anos.

'Ideologia de gênero'

O que Bolsonaro disse: que governos de esquerda ensinaram crianças a gostar de sexo precocemente.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: É falso. Desde a eleição de 2018, Jair Bolsonaro vem atribuindo a candidatos de esquerda o incentivo à sexualidade de crianças. Agências de checagem já mostraram que o PT não distribuiu mamadeiras eróticas em creches, que não existe um kit gay e que um livro sobre educação sexual voltado para crianças e adolescentes de 11 a 15 não foi distribuído em bibliotecas de escolas públicas

Produção agrícola

O que Bolsonaro disse: que o Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas no mundo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é controverso. Um estudo da Embrapa apontou que o agronegócio brasileiro seria responsável por alimentar cerca de 800 milhões de pessoas. No entanto, a metodologia da pesquisa é contestada. Ao UOL, especialistas alertaram que a conclusão do estudo se baseia no pressuposto de que todos os grãos exportados pelo Brasil são usados para a alimentação. Na verdade, podem ser usados para outras finalidades - como, por exemplo, ração animal. Produção de alimentos não é sinônimo de segurança alimentar. Pesquisa da Oxfam apontou que 58,7% da população brasileira convive com algum tipo de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave).

Voto no Auxílio Brasil

O que Bolsonaro disse: Quando nós negociamos passar o Bolsa Família pelo  Auxílio Brasil na Câmara, toda a bancada do PT votou contra.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Ao afirmar que a bancada do PT votou contra o Auxílio Brasil, o presidente confunde a votação da PEC dos Precatórios (Projeto de Emenda Constitucional 23/2021) com a votação do Auxílio Brasil (Medida Provisória 1061). Em 3 de novembro de 2021, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a PEC dos Precatórios por 312 a 144. Na votação, os deputados do PT foram contra a PEC, mas se posicionaram a favor do novo Auxílio do governo federal. 

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A PEC permite adiar o pagamento de dívidas reconhecidas pela Justiça -- casos com trânsito em julgado, em que a União deve transferir o dinheiro e não pode recorrer da decisão. A PEC também muda a maneira como se calcula o teto de gastos, ou seja, o limite de despesas que, pela legislação, o governo precisa respeitar para não correr o risco de ser enquadrado em crime de responsabilidade. 

A "PEC dos Precatórios" está relacionada com o Auxílio Brasil porque o governo conta com essa disponibilidade de recursos para ampliar o benefício para R$ 400, de forma temporária, até dezembro de 2022. Críticos da PEC, por outro lado, argumentam que existem outras maneiras de abrir crédito, sem a necessidade de "furar o teto".

Conforme registro de votação do site da Câmara, nove partidos orientaram as suas bancadas a votarem contra a proposta: PT, MDB, PSB, Podemos, PSOL, Novo, PCdoB, Cidadania e PV. Todos os deputados do PT que estavam presentes votaram contra a "PEC dos Precatórios" -- que recebeu o apelido de "PEC do Calote" entre os parlamentares da oposição.

Auxílio Brasil

O que Bolsonaro disse: que seu governo concedeu o Auxílio Brasil de R$ 600 que beneficia 20 milhões de famílias beneficiadas; e que o responsável pela casa, ao arranjar emprego, recebe um aumento de R$ 200.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: não é bem assim. Congresso Nacional aprovou em julho passado a PEC 1/2022, que previu o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até dezembro de 2022. Em setembro, o total de beneficiados atingiu 20,6 milhões de famílias, segundo o Ministério da Cidadania. O adicional de R$ 200 para o chefe de família que conseguir emprego é promessa eleitoral de Bolsonaro. Mas não está, por enquanto assegurado que o Auxílio Brasil se mantenha em R$ 600 a partir de janeiro de 2023.

 

Lula

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Valorização do salário mínimo

O que Lula disse: que seu governo aumentou o salário mínimo em 77%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. De janeiro de 2003 a dezembro de 2010, os oito anos do governo Lula, o salário mínimo teve aumento real de cerca de 66%, segundo o Ipea. O valor próximo a 77% só e alcançado quando se considera também o governo de Dilma Rousseff.

Reforma agrária

O que Lula disse: que seu governo distribui 52 milhões hectares de terra para 70 mil famílias no programa da reforma agrária.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: É impreciso. Dados do Incra mostram que, nos dois mandatos de Lula, o governo assentou 614,2 mil famílias em  uma área total destinada à reforma agrária de 48,3 milhões de hectares.

Dívida com o FMI

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O que Lula disse: que seu governo pagou a dívida com o FMI e deixou reserva de R$ 370 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em 2002, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil fechou acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 15 meses para o empréstimo de US$ 30,4 bilhões em recursos para o País. A dívida foi herdada pelo governo de Lula, em 2003, e quitada pelo governo em 2005. Mas o valor das reservas do País deixado pelo governo do petista é inferior ao citado no debate. De acordo com o Banco Central, no final do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) o país tinha US$ 37,8 bilhões em reservas. No final do governo de Lula, esse valor chegou a US$ 288,6 bilhões.

Geração de empregos

O que Lula disse: que os governos do PT geraram 22 milhões de empregos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2020, o Brasil tinha 28.683.913 empregos formais no final de 2002, antes do início do primeiro mandato de Lula como presidente. O PT permaneceu no governo até agosto de 2016, quando Dilma Rousseff sofreu impeachment, mas não há na plataforma dados mensais. O saldo no final de 2015, último ano completo de governo petista, era de 48.060.807  -  ou seja, houve aumento de pouco mais de 19 milhões de empregos formais.

Número de alunos universitários

O que Lula disse: que, em seu governo, a quantidade de estudantes universitários passou de 3,5 milhões para 8 milhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De acordo com o Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 3,5 milhões cursavam o ensino superior em 2002. Em 2010, no último ano do governo Lula, esse número chegou a 6,3 milhões. O número citado por Lula só foi atingido em 2015, já no segundo mandato de Dilma.

 

Simone Tebet

Déficit nas estatais

O que Tebet disse: Estatais deficitárias dão prejuízo de R$ 10 bilhões por ano.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: está subestimado. Segundo informações do Tesouro, em 2021 foram dedicados R$ 21,8 bilhões dos cofres públicos para sustentar as 19 estatais deficitárias do país, e não R$ 10 bilhões, como citou a senadora e candidata à presidência da república Simone Tebet. Em 2020, foram liberados cerca de R$ 21,5 bilhões para essas companhias.

Desmatamento

O que Tebet disse: que o governo Bolsonaro teve o maior desmatamento dos últimos 15 anos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. Em 2022, a Amazônia Legal (área amazônica composta por nove Estados brasileiros) registrou recorde de desmatamento com 3.360 km² de floresta desmatados apenas nos primeiros cinco meses do ano, conforme aponta levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

 

Ciro Gomes

Taxa de juros

O que Ciro disse: que Lula impôs a maior taxa de juros do planeta Terra.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. A taxa básica de juros (Selic) é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. Não se trata de decisão do Executivo. Estudo da consultoria Global Invest mostra que, em janeiro de 2003, quando a Selic foi elevada para 25,5% ao ano, o Brasil figurou em terceiro país com maior taxa real de juros (descontada a inflação). Esse indicador alcançou 5,84% ao ano. A Turquia liderou o ranking, com 12,5% ao ano, seguida da Polônia, com 9% ao ano. A taxa Selic subiu para 26,5% ao ano em fevereiro e assim se manteve até junho, quando foi reduzida para 26% ao ano. Outro estudo da Global Invest mostrou que, quando a taxa básica de juros estava em 26% ao ano, o País tinha a sétima taxa real de juros mais elevada do mundo. O ano de 2003 fechou com Selic em 16,5% ao ano.

Desemprego

O que Ciro disse: que o desemprego chegou perto de 12% ao final dos 14 anos do PT.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: o dado está aproximado. O desemprego medido pelo IBGE no trimestre encerrado em agosto de 2016 alcançou 11,8%. Dilma Roussef foi derrubada em 31 de agosto daquele ano e encerrou os 14 anos de governo do PT. Antes disso, o governo dela teve a taxa mais baixa de desemprego da série histórica (iniciada em 2002): 4,3% em dezembro de 2014.

Dívida das famílias

O que Ciro Gomes disse: que 63 milhões de pessoas saíram do crediário para o SPC.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: está correto. Em agosto deste ano, um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que a inadimplência havia atingido 63,27 milhões de brasileiros, o maior índice em oito anos. No último dia 20 de setembro, o número de pessoas negativadas foi ainda maior - 63,71 milhões de pessoas com o nome no SPC. Essa mesma marca de 63 milhões de inadimplentes já tinha sido alcançada em junho de 2018, quando o número de compras realizadas no crediário caiu 9,49%. 

Lei Rouanet

O que Ciro disse: que praticamente todos os recursos da Lei Rouanet são concentrados no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. De acordo com dados da Plataforma SalicNet, São Paulo e Rio de Janeiro são os estados que captaram o maior volume de recursos da Lei Rouanet ao longo de todo o ano de 2021. Ambos lideram os recursos captados em 2022. No ano passado, projetos de São Paulo captaram 42,4% dos recursos e os de Rio de Janeiro, 19,99%, somando 62,39% dos recursos para apenas dois estados. Este ano, São Paulo já concentra 41,93% dos recursos captados e o Rio de Janeiro, 15,45%, somando 57,38% dos recursos.

 

Soraya Thronicke

Isenção do IR para professores

O que Soraya disse: que, antes de 1964, professores eram isentos de pagar Imposto de Renda.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. A Constituição Federal de 1934 isentava do Imposto de Renda escritores, jornalistas e professores. A isenção foi revogada por uma Emenda Constitucional em 1964.

Crianças fora da escola

O que Soraya Thronicke disse: que, antes da pandemia, eram 90 mil crianças fora da escola; hoje, são 240 mil.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: Soraya provavelmente se refere a uma nota técnica da ONG Todos pela Educação, divulgada em dezembro do ano passado com base em dados do IBGE. O documento aponta que o número de crianças e jovens de 6 a 14 anos fora da escola passou de cerca de 90 mil, em 2019, para 244 mil no segundo trimestre de 2021.

 

Padre Kelmon

Vídeo do Lula

O que Padre Kelmon disse: que Lula falou "em vídeos na internet" que "não precisa de padre e que padre tem que ficar no lugar dele na igreja".

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: o candidato reproduz desinformação. Como mostrou o projeto Comprova, um discurso de Lula foi editado para parecer que o candidato defende o fechamento de igrejas. No conteúdo original, Lula diz que todas as religiões têm que ser defendidas, mas o Estado é laico. Ao dizer que não precisa "de padre ou de pastores", o petista afirmava que poderia conversar com Deus "sem pedir favor a ninguém". A segunda parte da afirmação de Padre Kelmon se assemelha a outro conteúdo enganoso checado pelo Fato ou Fake - nesse caso, Lula não se referia a padres, e sim militares.

Lei Rouanet

O que padre Kelmon disse: que peças teatrais apoiadas pela Lei Rouanet tinham pessoas "sem roupa, em fila, com o dedo a gente sabe onde".

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O candidato se refere à peça de teatro "Macaquinhos", que causou polêmica em 2015 durante uma mostra do Sesc Cariri. A performance tinha nove atores nus explorando o ânus uns dos outros e se baseia, segundo os autores, em uma obra de Darcy Ribeiro. Não há registro de que a peça tenha recebido apoio através da Lei Rouanet, segundo a plataforma Versalic, da Secretaria Especial da Cultura.

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