Vídeo de confusão entre senadores é de 2017 e não envolve Lula, diferentemente do que diz postagem

Gravação que mostra desentendimento entre Randolfe Rodrigues e Ataídes Oliveira circula fora de contexto no Facebook

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Por Pedro Prata
Atualização:

Um vídeo que mostra uma confusão entre dois senadores circula fora de contexto nas redes sociais. Um post viralizou ao compartilhar uma briga entre Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO), ocorrida em 2017, como se fosse de "uma reunião do Lula que acaba em baixaria entre comunistas". Na verdade, o desentendimento foi registrado durante uma audiência pública sobre a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Vídeo de confusão entre senadores é antiga e não envolve o ex-presidente Lula. Foto: Reprodução

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Por meio de uma busca reversa de imagens do Google (veja aqui como fazer), foi possível encontrar outras vezes em que o vídeo foi publicado. É possível encontrar uma versão publicada no YouTube em 23 de maio de 2017.

Com o conhecimento da data em que foi gravado o vídeo, o Estadão Verifica fez uma busca no Google com as palavras-chave "briga Randolfe Rodrigues moleque" para saber o real contexto da confusão. O termo "moleque" foi utilizado por Oliveira para ofender o colega senador. Essa busca levou à reportagem "Bate-boca entre senadores interrompe tramitação da reforma trabalhista", do jornal Folha de São Paulo.

A reportagem traz uma foto do fotógrafo Alessandro Dantas na qual é possível ver Randolfe e Ataídes. Também é possível ver a então senadora Fátima Bezerra (PT-RN) em um vestido rosa, o mesmo que aparece no vídeo viral. Outros que acompanham a cena são Lindbergh Farias (PT-RJ) e Humberto Costa (PT-PE).

Um editorial do Estadão condenou cenas de violência em torno da tramitação da reforma trabalhista. Além da discussão entre os senadores, o texto cita protestos na Esplanada dos Ministérios que culminaram com confrontos entre manifestantes e a polícia e a depredação de prédios públicos.

Senadores eram opositores

O post checado engana ao chamar os senadores de "comunistas", como se ambos estivessem do mesmo lado na discussão da reforma trabalhista. Randolfe Rodrigues foi eleito pela Rede, partido de oposição ao governo de Michel Temer (MDB) e contrário à medida. Assim como ele, os senadores do PT rejeitaram a proposta. Já Ataídes era do PSDB e votou de forma favorável ao projeto, bem como seus dois colegas de partido José Serra e Ricardo Ferraço. A proposta foi aprovada pela comissão por 14 votos a 11.

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Este conteúdo também foi checado pela Lupa.


Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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