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Temer repete: derrota de Lula nas urnas seria 'mais útil'

Em entrevista a rádio da Bahia, presidente diz não apreciar revés jurídico que possa impedir petista de participar da eleição de outubro

Por Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - Dois dias depois de afirmar que a eleição sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tensiona a disputa presidencial marcada para outubro, o presidente da República Michel Temer repetiu nesta quarta-feira, 31, que é preferível derrotar o petista nas urnas.

Michel Temer Foto: Dida Sampaio/Estadão

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“Do ângulo jurídico, eu não dou um palpite sobre decisão judicial (que confirmou condenação do petista pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro) porque eu estaria invadindo competência de outro Poder e eu sou muito consciente da necessidade para que um poder não invada a competência do outro. Agora, sob o foco político, eu confesso que se ele pudesse participar da eleições, não sei se poderá, eu acho que a derrota dele politicamente seria mais útil do que uma derrota simplesmente de natureza judicial”, afirmou em entrevista à Rádio Metropole, da Bahia.

De acordo com pesquisa publicada nesta quarta, pelo jornal Folha de S.Paulo, sobre a preferência do eleitorado de quem quer ver sentado ou sentada na cadeira de presidente, Lula lidera todos os cenários. É o primeiro estudo sobre a corrida eleitoral após o petista ter condenação confirmada pela Justiça de segunda instância.

Na entrevista, o presidente evitou falar sobre o candidato governista no pleito de 2018 e disse que só definiria isso no fim de maio. Ao ser questionado sobre o interesse do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), em concorrer, Temer exaltou o nome de Meirelles, mas evitou se posicionar em relação às eleições. “O Henrique Meirelles tem a melhor qualificação, mas neste momento, eu não quero avançar o sinal”, disse.

O presidente reiterou que acredita que na disputa um candidato que quiser criticar o governo terá de dizer que “é contra o teto dos gastos, porque quero gastar a vontade”, exemplificou. Temer citou ainda considerar como legado de seu governo nos palanques a reforma do ensino médio, a modernização trabalhista e a redução da inflação e dos juros.

Ao ser indagado sobre uma possível saída do DEM da base do governo, já que na Bahia o partido parece dar sinais de afastamento, o presidente disse que vê “com naturalidade” alguns partidos avaliarem continuar ou não na base aliada, mas reiterou acreditar que manterá o DEM ao seu lado. “Às vezes as pessoas não vão com a minha cara, mas é preciso analisar o que está sendo feito”, disse, ressaltando acreditar que o DEM “vai continuar aliado do governo até o fim”.

DENÚNCIAS CONTRA TEMER Sem citar nenhum nome diretamente, Temer afirmou “não vai mais tolerar” ser vítima de acusações como as duas denúncias apresentadas pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot. “Eu não vou mais tolerar o que começaram a dizer de mim, que eu me meto em falcatruas e etc. Estou combatendo isso, até por uma razão, eu tenho paciência mesmo, esperei uns sete meses para que aqueles que me acusaram fossem desmoralizados, estão na cadeia. E os que não estão na cadeia estão desmoralizados pelos vários documentos e depoimentos que vieram depois”, disse ele na entrevista. 

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Temer - que foi acusado de obstrução de Justiça, organização criminosa e corrupção passiva - voltou a dizer que as acusações são falsas. “Este ano, este primeiro semestre, não vou mais tolerar essas acusações, porque elas falsas, estão sendo desmentidas pelos fatos e documentos e lamentavelmente eu fui vitima disso”, reforçou. 

O presidente da República é alvo de inquérito que apura suposto esquema de corrupção no porto de Santos (SP). 

CRISTIANE BRASIL O presidente disse torcer para que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha a prerrogativa prevista na Constituição de o presidente nomear ministros de Estado, mas que caso o STF barre realmente a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho, ele respeitará a decisão. “Se o Supremo disser que não pode paciência. Acolheremos, mas espero que não aconteça”, afirmou ele na entrevista.

Cristiane teve a posse barrada temporariamente pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, após grupo de advogados contestarem indicação.

SAÚDE DO PRESIDENTE Sobre sua saúde, Temer, após ter passado por problemas urológicos e cardíaco, disse que está com a saúde “ótima” e que a qualidade de vida melhorou. “No passado tinha um certo mal-estar generalizado, agora (com stents) não tenho mais. Vamos em frente”, disse na rádio.

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