‘Decisão judicial se respeita e lei é para todos’, diz Alckmin

Pré-candidato do PSDB à Presidência, ex-governador paulista afirma que ‘não existe Justiça verde, amarela, azul, vermelha, existe Justiça’

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Por Renan Truffi e Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, disse na terça-feira, 17, que a decisão do Supremo Tribunal Federal de tornar réu o senador Aécio Neves (MG) “precisa ser respeitada” e ressaltou que a “lei é para todos”.

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“Não existe Justiça verde, amarela, azul, vermelha, existe Justiça. Decisão judicial se respeita e a lei é para todos, não tem distinção. Claro (que vejo com tristeza), mas ele (Aécio) vai ter a oportunidade de se defender”, disse o tucano em evento.

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A declaração de Alckmin deu o tom da postura do PSDB em relação ao envolvimento de um dos seus principais quadros em ação que apura suspeita de corrupção e obstrução da Justiça. Senadores tucanos e até deputados do grupo mineiro procuraram dissociar o caso de Aécio, que já foi presidente do PSDB, da conduta geral do partido.

Parlamentares do grupo ligado a Alckmin defendem nos bastidores que Aécio desista de disputar cargo nas eleições deste ano para evitar desgastes à campanha presidencial e à do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ao governo de Minas. Aécio estuda concorrer à reeleição. 

Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão

“Para o conjunto do partido, é melhor (que Aécio não seja candidato). Mas é uma decisão de foro íntimo”, disse ao Estadão/Broadcast o deputado Lobbe Neto (PSDB-SP). Para o deputado João Gualberto (PSDB-BA), o desgaste depende do cargo ao qual Aécio seria candidato. “Se ele for a senador, é uma coisa, se for para deputado federal, é outra”, afirmou. 

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Aliados de Aécio dizem que ele ainda não decidiu o que fazer. “Ele está focado na defesa. A questão da candidatura só vai ser colocada em junho e a decisão será dele”, declarou o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB.

Descolamento 

Antes mesmo do início do julgamento no STF, a narrativa na sede do partido era de que o fato discutido na Corte é de caráter “pessoal”, “particular”, sem relação com o partido. “Temos que separar o público do privado, o partido trata de questões de interesse público. Esse assunto é particular do Aécio, o que nos deixa em situação de dificuldade dada a relação que temos com ele”, afirmou o senador Roberto Rocha (PSDB-MA).

Aliado de primeiro linha de Aécio, o presidente do PSDB de Minas, o deputado Domingos Sávio, endossou o ponto de vista. “Era previsível (o resultado do julgamento), mas não é que seja uma coisa natural. Agora é a oportunidade dele se defender. A coisa do Aécio está dissociada da política”, afirmou. “Aécio queria o melhor para Minas Gerais e já conseguiu isso, agora ele vai cuidar da defesa.”

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Vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a decisão do STF foi um “amadurecimento das instituições e da democracia”. Para o senador, o partido sempre defendeu a independência das investigações e vê com naturalidade as decisões do Judiciário. 

“Estamos construindo um Brasil onde a lei e a Justiça devem servir para todos. Portanto, é preciso acatar a decisão”, disse ele, ponderando que a investigação não pode ser confundida com a condenação prévia. / Colaborou Igor Gadelha

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